terça-feira, 9 de maio de 2017

Diário de viagem 09/04 a 22/04 Peru

Diário de viagem dia 09/04 a 22/04

 Huaraz era a cidade que mais queria conhecer no Peru, isso por que aqui se encontra a Laguna 69, essa mesma Laguna onde vi e admirei muitas fotos nos últimos anos.
 Na manhã que cheguei nessa cidade parei em frente a Plaza de Armas e já fui logo tratando de contratar serviços de tour para dois atrativos principais, o glaciar de Pastoruri e Laguna 69.
 Noe mesmo dia já fui para o glaciar de Pastoruri, um trekking a 5200 metros de altitude até chegar no gelo milenar que está com seus anos de vida contados, isso por que nos últimos 14 anos essa geleira já perdeu 45% dá sua massa. Nos últimos anos foram feitos estudos nesse glaciar e em outros dá região, com base nesses estudos se constatou que em menos de 15 anos esse glaciar de Pastoruri não irá mais existir, junto com ele vários outros irão desaparecer, isso devido ao aquecimento global que está ocorrendo nas últimas décadas, isso mesmo o aquecimento global não é coisa dos últimos anos, apenas agora ele está se agravando e sendo destaque nas mídias.
 O outro tour dá Laguna 69 já relatei em outra publicação, no entanto vou relembrar que vale muito a pena o esforço do trekking de 8 kms pelas trilhas de pedras soltas e escorregadia.
  Após isso resolvi utilizar um contato que tinha em Huaraz, na verdade a história é a seguinte, na cidade de Huancayo a vários quilômetros mais ao sul, em um dos almoços no mercado municipal conheci um ex ciclista profissional que atualmente está treinando jovens talentos peruanos, esse novo amigo me passou o contato de outro ciclista de Huaraz onde eu poderia me comunicar e me ajudaria a arrumar algum lugar para ficar de graça, então foi isso que fiz, entrei em contato com Marcos, prontamente foi me encontrar no hostel onde eu estava, de lá fomos na casa de sua irmã e seu cunhado onde me receberam muito bem, me disponibilizando um quarto com uma cama confortável e espaço para minha bagunça. Ali fiquei três dias com essa família compartilhando histórias, sorrisos, refeições e conhecimento mútuo. Com essa família também fui visitar outras ruínas pré Incas que se situam próximo a cidade de Huaraz, ali onde conheci a menina Lúcia onde também já relatei em outra publicação.
 De Huaraz pedalei até o litoral, uma cidade com um nome engraçado é pra variar não recordo o dito nome, enfim de lá segui viagem de ônibus, passei meu dia de Páscoa sentado em um banco de ônibus, vou citar os motivos que me levaram a não pedalar. Se você que está lendo isso utiliza a internet para mais coisas  úteis que apenas o Facebook e  watsapp talvez você tenha visto notícias dos desastres que está acontecendo no Peru, o país está passando pelo maior desastre dos últimos 20 anos, as chuvas estao causando muitos estragos na região litorânea do país, estradas interditadas, estradas destruídas, pessoas mortas, milhares de pessoas desabrigadas, sem ter o que comer e água potável para beber. O primeiro motivo de pegar o ônibus é que a região onde teria que passar é um dos principais focos de destruição, já janela no ônibus pude ver estradas completamente destruídas, precisando várias horas para fazer poucos quilômetros. Segundo motivo, em alguns trechos de desvios só é permitido a passagem de pessoas autorizadas, ou seja apenas empresa de transporte que pagam muito para alguns fazendeiros para ter essa permissão de passagem por suas propriedades. Terceiro motivo, segurança no norte do país, conheci alguns cicloturistas que me relataram a insegurança no norte do país, sendo que aqui no último ano quatro cicloturistas foram roubados e perderam tudo, bicicletas, roupas, passaporte, ficando apenas com a roupa do corpo, isso somado as atuais condições desse povo sofrido pelas tragédias naturais resolvi fazer esse trajeto de ônibus, evitando ser uma possível vítima, e pode acreditar em mim a situação que eu vi em grandes​ assentamento humanos sem nada de infraestrutura para essas pessoas facilmente poderia ser visto como uma pessoa afortunada e quem sabe uma possível fonte de recursos para algum mal intencionado, não estou falando que quem não tem condições pode ser um ladrão, só estou querendo dizer que aqui a situação é completamente lamentável e para mim um tanto assustadora, isso porque​ as imagens dá tragédia que eu acompanhei tantas vezes pela televisão agora estão diante de meus olhos, destroços de residências, rodovias, rios que levaram muitas vidas, isso tudo passa como um filme de terror em minha mente imaginando o sofrimento que essas pessoas passaram.
 Em contraste com esse cenário cheguei em Mancora, uma cidade litorânea ao norte do país, paisagem linda e tranquila, aqui encontrei dois irmãos brasileiros que tinha conhecido em Copacabana na Bolívia, ficamos dois dias no mesmo camping, até que vi uma publicação de outro cicloturista brasileiro, o Fábio, se conhecemos através do Facebook por um contato em comum, a Fernanda de Pós Vilos, nos dois ficamos em sua casa, enfim vi uma publicação de Fábio, ele também estava aqui em Mancora, então pedi a ele em que lugar estava e é pra lá que eu fui quando me disse que tinha mais quatro cicloturista no camping.
 Brasil, Argentina e Chile unidos pela bicicleta, isso rendeu uma foto dos peladoes, uma galera bem humorada e cheia de bom astral.
 Aqui matei a saudade de pintar, fiz um trabalho na fachada do Hostel Misfits, um lugar a menos de 15 metros da  água do mar, dormir ouvindo o som das ondas tem sido ótimo.
 Por alguns dias deixarei de viajar sozinho, isso porque​ resolvi me juntar com outro brasileiro e dois argentinos, iremos compartilhar a estrada por alguns dias ou talvez semanas, afinal é que logo estaremos de partida desse lugar lindo que é Mancora e vamos seguir para o sexto país a ser conhecido, o Equador.