terça-feira, 28 de março de 2017

Machu Picchu, dicas de como chegar


Machu Picchu
Uma das sete maravilhas modernas está localizada no sul do Peru, pode se dizer que é o principal atrativo do país, porém aos meus olhos esse país tem muito mais a oferecer, culinária, cultura, edifícios históricos, cores, paisagens, enfim até então o país que mais está me agradando.
Ida à Machu Picchu tem três opções, se você for rico pode ir de trem desde Cusco a Águas Calientes e de lá pegar um ônibus para subir a montanha e fazer o mesmo trajeto de volta, com isso gastando vários dólares, digo vários muitos, cerca de 400 a 500 dólares. Mas se você não tem todo esse dinheiro disponível pode pegar uma van de Cusco a Hidrelétrica, e de lá seguir caminhando ao lado da linha férrea que leva até Águas Calientes, são cerca de duas horas de caminhada ou onze quilômetros, como fiz esse trajeto digo que vale a pena se você tiver um mínimo de preparo físico. Bom vou tentar explicar melhor a história, contratei uma agência de turismo que me oferecia transporte até hidroelétrica, hospedagem, entrada, guia turístico em Machu Picchu é transporte de volta, isso por um preço aceitável, fiz as contas e me compensava pegar o pacote completo. No entanto minha dor de cabeça começou quando cheguei em Águas Calientes, esse lugar é o povo aos pés da montanha Machu Picchu, chegando lá fui na hospedagem onde teoricamente deveriam ter reservado uma humilde cama para mim, no entanto não haviam feito isso, o pior de tudo é que nem o ingresso para a montanha não tinham deixado lá, após muitas ligações para a empresa nada de retornarem, voltei a praça principal onde os guias de turismo se reúnem, lá falei com três guias que também ligaram na agência e nada de atenderem, quando conseguiram falar com um funcionário ele disse que eu era para ficar ali que logo alguém já iria vir me encontrar, isso já era 20:00h e eu sem hospedagem e o pior, sem a entrada a montanha. Um dos guias me orientou a ir até a polícia registrar uma queixa, e me garantiu que após fazer isso em 20 minutos tudo se resolveria, menos mal, quando estou saindo em direção a polícia a senhora da hospedagem onde eu iria começou a gritar meu nome no meio da praça, me falando que a empresa depositou o dinheiro para comprar minha entrada, mas ela ainda precisava ir sacar o valor, nisso o guia que me orientou avisou ela que ela tem apenas 15 minutos para ir sacar o dinheiro e comprar o ingresso, já que a oficina de turismo fechava as 20:30, esperei ela ali enquanto foi sacar o dinheiro, faltando três minutos para fechar a oficina de turismo compramos o ingresso, ainda com a minha boa vontade de emprestar um pouco de dinheiro para completar o valor.
Hospedagem, o lugar onde eram para ter reservado não tinha mais vaga, então fui para outro lugar, tive sorte que era ao lado da Plaza de Armas, bem no centro da cidade. Após estar devidamente instalado chegou um guia para me explicar como seria no dia seguinte, menos mal, ja teria uma explicação a mais no próximo dia.
Dia seguinte acordei às 4:00 h tomei um banho e sai em direção a montanha, logo nos primeiros metros fora do hotel já encontrei vários outros viajantes indo para o mesmo sentido, na fiscalização antes da ponte que dá acesso ao caminho da montanha já tem cerca de 200 pessoas, fico na fila, ali em diante começa a subida, não faço ideia de quantos degraus tem, mas são cerca de 5 km de subidas em uma trilha com pedras, muitas vezes escorregadias.
Na entrada do sítio arqueológico Machu Picchu os guias formam os grupos, ali sigo com a minha guia, sempre ouvindo suas explicações, em um momento ela me perguntou se era verdade que no Brasil comemos abacate com açúcar, e digo que sim, e também fazemos batidas com leite, todos ali começaram rir, e falando que isso é loucura, ainda mais com leite, uma senhora diz: Palta “abacate em espanhol” con leche no es bueno, puede nos matar!! Fico rindo com a situação é percebendo como as culturas são diferentes em países vizinhos. Depois disso a mesma senhora me pediu para tirar uma foto, peguei o celular dela e ela falou: Nooo, yo quiero una foto con usted!! Pronto era o que me faltava, ela em Machu Picchu e querendo tirar foto comigo, dei um abraço nela e com um sorrisão nos dois saímos bem na foto.
Após duas horas terminou o acompanhamento da guia, aí em diante cada um por si em busca da foto ideal, no entanto o sol não tinha aparecido ainda e um espesso nevoeiro cobria a montanha, fico por ali observando os detalhes feitos em pedras de mármore branco, não tem como não ficar impressionado.
Após meia hora o nevoeiro começou desaparecer, aproveito para fotografar, mas o sol mesmo não apareceu para eu tirar a foto que queria, mesmo assim está valendo a visita. O ingresso da direito a três entradas no atrativo, mas isso no mesmo dia, como assim entrar três vezes?? É que as ruínas são praticamente um circuito fechado, onde tem direção que se deve circular, não se pode ficar caminhando igual uma barata tonta, por mais que você seja uma barata tonta aqui você vai andar no sentido certo, e tem mais, o banheiro fica fora das ruínas, então é preciso sair para fazer suas necessidades fisiológicas.
 As vans de turismo que saem de Hidrelétrica partes as 14:30 h, sendo assim deve se começar a descida das ruínas por volta das 11:00 h, uma hora até Águas Calientes mais duas horas até Hidroelétrica, com isso chegando a tempo de pegar a van e retornar para Cusco, no caminho de volta conheci um mexicano e uma francesa com quem fiz todo o caminho, o mais engraçado era o sotaque do mexicano, falava cantando as palavras.
Hora de voltar a minha “maravilhosa agência de turismo” levou mais uns bons chingoes dos guias, três deles ligaram para a empresa chingando eles pelo tratamento que eu tive, que isso não é coisa que se faça com um turista, deixando o esperando mais de três horas sem hospedagem, ingresso e sem informações sobre o que estava acontecendo, com isso tive certeza que os guias fazem de tudo para agradar o turista, pois é daí que vem a fonte de renda deles e de toda uma região, quanto aos guias só tenho a agradecer pela ajuda que me deram e que na medida do possível me ajudaram, em especial o guia Yaguar, não ganho nada por falar bem dele, simplesmente é o devido reconhecimento que um bom profissional merece, se alguém for pra lá e precisar de guia eu indico esse aí Yaguar.
Após foi a viagem de volta, 6 horas de Hidroelétrica ate Cusco, sorte que dessa vez consegui dormir em boa parte do caminho.
Posso dizer que vale a pena a dor nas pernas e pés no dia seguinte, eu sou Ciclista e meus músculos estão acostumados com os movimentos das pedaladas, porém dessa subida na montanha eles não estavam acostumados, no entanto é melhor descansar um pouco antes de voltar para a bicicleta.
Lembrando que o relato é a partir da minha experiência, não viajo com dinheiro para ser esbanjado por isso fiz parte do percurso caminhado, mas mesmo que tivesse muito dinheiro eu indicaria fazer um dos trâmites de ida ou de volta caminhando, o contato com a natureza é sem dúvidas incomparável contra uma poltrona de um trem, sendo que nem se quer esse trem é de uma empresa nacional onde ficaria o lucro para a comunidade com isso valorizando seu povo e sua cultura, esse dinheiro vai para empresas do Chile e Inglaterra, elas são as proprietárias atualmente dessa linha férrea, esse é outro ponto que ouvi muitas pessoas questionando, falando que depois da privatização o valor da passagem ficou exorbitante e com isso “espantando” muitos turistas.
Vá, ou melhor venha, conheça, aproveite um guia nem que seja de algum grupo, ande próximo e fique com os ouvidos atentos nas explicações, tem muita história interessante por de trás dessas ruínas, e visite o Peru, mas não apenas Machu Picchu, existe muito mais para ver nessa região, posso me gabar que tenho o privilégio de estar conhecendo da melhor maneira, um jeito simples que me aproxima das pessoas por onde passo.
Qualquer dúvida pode me enviar mensagem que na medida do possível responderei.
Agradecimento especial a Meurer caça e pesca que me forneceu um casaco fleece, e este está sendo imprescindível no frio Peruano em especial nessa visita a Machu Picchu.




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sexta-feira, 24 de março de 2017

Diário de viagem 05/03 a 16/03

Diário de viagem dia 05/03 a 16/03

Bolívia, um país que fiquei com sérias dúvidas se viria pra cá ou não, diante de relatos de quem já conhecia o país resolvi conhecer esse nação que logo nos primeiros quilômetros de estrada já me agradou, todos os motoristas muito simpáticos, todos que cruzam pelo caminho buzinam e acenam, isso mostra muito sobre a educação do seu povo.
 No primeiro dia fui praticando a minha paciência, algo que ultimamente venho praticando muito, não estou me referindo a raiva ou algum sentimento mal, quero dizer que agora tenho paciência comigo mesmo, oque no início da viagem eu me cobrava para que pedalasse rápido, agora já não existe mais essa cobrança, pedalo no meu ritmo mais lento, observando os detalhes e aproveitando ao máximo esse tempo que é só meu. Digo isso porque pedalo poucos quilômetros e paro para olhar a paisagem, respirar fundo e me preparar para os próximos quilômetros e paisagens.
 Nesse primeiro dia foi de subidas, mas também teve quatro descidas, isso era algo que a tempo eu não tinha no meu caminho, e quando elas aparecem eu aproveito ao máximo o vento no rosto e em alguns instantes até solto as mãos do guidão e abro os braços como que se fosse capaz de voar.
 Minha primeira cidade é Alota, na verdade um pequeno povoado a 85 km da aduana, logo que cheguei procurei uma hospedagem, algo entre 20 reais cama, chuveiro quente, e uma refeição, aliás essa é a primeira vez que gasto dinheiro com hospedagem desde o início da viagem, se não estou enganado 78 dias acampando e ficando na casa de amigos e pessoas que encontrei no caminho, mas o frio aqui da região não me deixou outra alternativa se não dormir em um lugar abrigado do frio.
Aqui voltei a pedalar longas distâncias, no segundo dia já aclimatado com a altitude percorri 125 km, na realidade seriam 148 km mas uma Peruana com um sorriso lindo me fez pegar uma carrona, calma aí, vou explicar melhor essa história, logo pela manhã após sair de Villa Alota encontrei uma camionete que faz os tours parado na beira na estrada, o motorista fez sinal para eu parar, parei e vi ele e duas mulheres, uma loira com olhos azuis e uma morena com o sorriso mais lindo que tenho recordação nos últimos tempos, ficamos ali conversando sobre a viagem por algum tempo, eis que ela me perguntou se eu quero carrona quando eles voltam do tour, e é claro que a minha resposta foi sim, mas segui pedalando o dia todo, seriam 148 km de Villa Alota até o Uyuni, quando parei para dar uma esticada nos músculos eles apareceram de carro, e lá foi a bicicleta pra cima da camionete,  alguns devem estar pensando: Nossa, ele deixou de pedalar por causa de uma mulher. Sim, deixei, mas você não faz ideia do quanto é bonito o sorriso dessa mulher.
 Chegamos no Uyuni, a holandesa e a Peruana do sorriso lindo foram tomar banho e fomos beber uma cerveja, sim só elas tomaram banho, eu fui sujo mesmo, mas enfim tivemos um pouco mais de tempo para conversamos sobre nossas histórias de viagens, até que chegou a de se despedir, eu fiquei ali e ambas foram rumo a La Paz.
Uyuni é uma cidade extremamente turística, aqui pode encontrar pessoas de todas as partes do mundo, mas oque me chamou a atenção foi a quantidade de asiáticos, em geral japonês, não sei qual a ligação que eles tem com o salar só sei que eles dominam a cidade, outra atração da cidade é o cemitério de trens, esse conheci no segundo dia que estava na cidade, lá aproveito um belo por do sol.
 Dia seguinte fui no famoso Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, mas nessa época do ano as chuvas deixam o salar com uma camada de água, com isso me impedindo de pedalar nesse terreno já que o sal iria destruir minha bicicleta, então me contento em ir até a borda do salar e ali vejo o quanto é turístico o local, camionetas de agências a todo instante passam com seus turistas e suas câmeras fotográficas para fora da janela.
 Minha opinião sobre a cidade é, vale a pena visitar apenas uma vez na vida, isso por que é barato a comida e  estadia na cidade, caso contrário não indicaria fazer uma viagem longa apenas para visitar o lugar, digo isso por que o verde das árvores e a vida nos bosques e matas me encantam mais que esses terrenos desérticos ou quase isso.
Na cidade mergulho de cabeça na culinária regional, meus cafés da manhã são a base de uma sopa que os Boliviano tomam também, meu almoço também é sopa com arroz, batatas, mandioca e carne de cordeiro, isso acompanhado de um molho super picante que não sei o nome.  Conheci um artesão argentino com quem compartilhei muitas histórias, ele está a nove anos viajando pela América do Sul, o cara tem um conhecimento fantástico sobre vários assuntos, sobre as histórias das origens dos países então é uma enciclopédia ambulante, com ele vou a um restaurante que serve jantar, por 15 Boliviano que é cerca de 7,50 reais, com direito a saladas, macarrão e 1/4 de frango, uma super janta e super barata.
 Resolvi andar de trem desde Uyuni até Oruro, uma viagem de 7 horas durante a noite, consigo dormir alguns minutos, mas nada de descansar realmente, em Oruro fico nos Bombeiros da cidade, até então a melhor e maior estrutura que já fiquei, tenho uma sala de reuniões enorme para me hospedar, cozinha, banheiro, ducha, local para lavar roupas e até um cão que tentou me avançar quando ia subindo as escadas, mais tarde descobri que a cachorra não gosta de pessoas sem uniforme, ou seja ela só gosta dos bombeiros, mas o lado bom é que ela não tem mais dentes, então só iria massagear onde mordesse.
 Já passava das duas da tarde e a fome começou a dar sinal, entao fui convidado para almoçar com os bombeiros, cordeiro assado, arroz, batata, e batata desidratada, ela fica negra, mais consistente e com gosto diferente, porém bom, na hora da janta novamente jantei com a corporação, todos muito simpáticos e alegres.
 Durante a noite um chamado para uma ocorrência com ferimento por arma de fogo, todos ficam espantados, não é nada normal isso acontecer por aqui, enquando isso nos achando que a Bolívia é um país super perigoso.
 Durante a noite mesmo provei a tal folha de coca, não gostei nada dessa coisa, mas continuo mascando só para não fazer feio perante os anfitriões.
Dia seguinte tomo café da manhã, arrumo as coisas, tiro umas fotos e me despeço, assim parti da cidade de Oruro. Logo nos primeiros 20 km percebi que algo não estava normal, tenho que utilizar um espaço na beira da rodovia como banheiro, aos poucos o corpo foi enfraquecendo cada quilômetro parecia uma eternidade, percori cerca de 40 km e encostei a bicicleta em um guardireio e nessa sombra deitei, deitei e dormi uma hora na beira da rodovia, as forças tinham se esgotado, mal consigo ficar de pé, mas tenho mais 10 km para pedalar.
Chegando na cidade de Caracollo procurei uma hospedagem, encontrei, paguei, deixei a bicicleta na porta do quarto e fui pra cama, tomei remédio para diarréia e resfriado. Era duas horas da tarde eu embaixo de 3 cobertas e ainda assim tremia de frio.
 Diarréia, dor de barriga, caganeira, xuriu, isso tudo eu tive nesses dois dias, podem rir, mas acabou o papel higiênico, guardanapos e já estava indo até um caderno. Dois dias resumindo em deitar ir ao banheiro, antes de pensar em ter vontade de ir ao banheiro já deveria estar lá, por que se não era capaz de borrar as calças.
 No domingo pela manhã já me sinto melhor, então parti dessa hospedagem, quando saio na avenida vejo muitas pessoas, como se uma grande feira estivesse acontecendo, muitos cordeiros amarados pelas patas, alguns soltos, milhos, folhas de coca, e tudo que as pessoas produzem estão ali para ser comercializado, mas ainda não estou bem o suficiente para tirar a câmera do alforge e tirar algumas fotos.
  Nesse dia pretendia pedalar 40 km, mas precisava sacar dinheiro e acabei pedalando 87 km até uma cidade onde tem agência bancária. Em Patamaya me hospedei em um quarto com duas camas, banheiro e lugar para a bicicleta, isso por 25 Boliviano, logo que cheguei fui tomar banho e me deitar, mais tarde fiz minha janta que não ficou nada agradável, acordo várias vezes durante a noite. Quando amanheceu o dia saio para procurar um caixa eletrônico, fico em uma fila de idosos, ali sendo a atração deles, as senhoras me olhavam com cara de desconfiadas e os senhores me cumprimentam com abraços e passam a mão na minha cabeça, como se fosse seu neto e sempre falam que vão me arrumar uma cholita, cholita é as senhoras com suas vestes típicas bolivianas, são encantadoras.
 Com dinheiro já fico mais confortável, com isso me permito ficar mais um dia na hospedagem, compro água, biscoitos, salgadinhos e sachês de chá, isso pra passar meu dia de rei sem sair do meu quarto, aproveitando um típico dia de inverno, frio, tempo nublado, e eu aqui assistindo Chapolin Colorado a manhã toda enfiado debaixo de três cobertas.
 Uma coisa engraçada é que pra quem eu falei que tinha tido dor de barriga todos me falaram que é por pegar frio na barriga, já que eles estão acostumados com a falta de higiene no preparo da alimentação, digo isso por que aqui não à água tratada adequada para o consumo, nas vendas de comidas nas ruas os vários pratos e talheres são lavados na mesma bacia com água e ali também pode se observar cachorros bebendo água, um paraíso para quem é mais enjoado ou sensível quanto a comida, até mesmo eu que me considero um estômago de avestruz não resisti as más condições de higiene. Mas tirando a parte ruim da história a comida estava muito saborosa, bem picante e com sabores distintos ao meu paladar, porém a dor de barriga me tirou a coragem de seguir provando da culinária boliviana.
 Me sinto melhor e tenho que seguir viagem, o destino é Copacabana, a última cidade boliviana antes da fronteira com Peru. As 8:30 h e com a temperatura de 5°c sai da cidade de El Alto, a periferia de La Paz, um trânsito caótico, muitas pessoas, muita sujeira, muitos carros, muita poeira e muitas muitas buzinadas, cerca de uma hora depois sai dessa aglomeração e segui pela Ruta praticamente em silêncio.
 Pedalei 60 km e perei para comprar algo para comer, conversei com algumas pessoas e segui viagem, logo a frente já estava as margens do lago Titicaca. Casas simples com suas pequenas criações de ovelhas, vacas e porcos a margem do lago com algumas senhoras sentadas ao sol, assim foi às cenas que vi nesse trajeto.
 Muitos restaurantes oferecendo Trucha "Truta" me parece justo provar um peixe fresco recém pescado no lago Titicaca, encontrei um restaurante simples e parei, pedi o valor e o tamanho do peixe, negociei a metade do valor, 20 pesos Boliviano por uma super refeição deliciosa, não me arrependi de ter provado.
 Pedalei ate Tiquina, um pequeno povoado que é dividido pelo lago Titicaca, para atravessar ao outro lado somente de balsa, pego 5 pesos pela travessia, já do outro lado do lago uma família de franceses, pai, mãe, duas filhas e um filho estão felizes tirando fotos dos patos e gaivotas e do Ciclista, o homem vem conversar comigo e me conta que já esteve no Brasil duas vezes inclusive nas Cataratas, ele me convida para ir com sua família até Copacabana, bora lá, já tinha pedalado 130 km no dia, isso me recuperando de uma dor de barriga, essa carrona veio em ótima hora, no caminho conversamos sobre as diferenças culturais dos países da América do sul e oque destaca o Brasil é o clima de festa.
 Em Copacabana novamente me senti mal do estômago, mais dois dias aproveitando uma cama confortável e quente de uma hospedagem, porém sem conhecer nada da cidade, apenas assistindo filmes, comendo biscoitos e bebendo muita água, no dia seguinte quando me sinto melhor saio do hostel com intenção de ir ate o Peru, mas a chuva me fez ficar por aqui mais um dia, dessa vez em um hostel diferente onde provei a melhor comida na Bolívia, essas trutas são demais.
Se nada der errado amanhã sim cruzo a fronteira com o Peru, com um sentimento ruim de ter deixado de conhecer muitas coisas por o mal estar que tive, mas de todos os males esse é o menor, o que importa é que a viagem segue rumo ao norte.

















Diário de viagem 27/02 a 04/03

Diário de viagem dia 27/02 a 04/03

Chuva no deserto mais árido do planeta.

 O deserto do Atacama é a região mais Árida do planeta, mas também é de uma extensão muito grande e em algumas partes dessa grande extensão não chove a muitos anos, digo muitos mesmo, mais de 100 anos, mas em outras regiões chove e essa chuva vem do inverno altiplano que é mais comum chover na Bolívia, mas para minha infelicidade nessa data que cheguei aqui em Calama a chuva também chegou em San Pedro de Atacama.
Logo no primeiro dia que cheguei aqui em Calama conheci Aldo, um Chileno que viveu no Brasil e agora tem uma empresa de turismo, ele me alertou sobre as chuvas e que a estrada até San Pedro estava fechada, por sorte consegui ficar na sua casa, dia seguinte sai para ir até San Pedro, o tempo fechado me fez desistir e começou a minha saga de desistir de conhecer o povo e as belezas do deserto e seguir em segurança ou me arriscar e ir contra o conselho dos bombeiros e de quem entende e sempre viveu na região, estava em uma séria dúvida até que indo para casa de Aldo ouvi na rádio local que tinha 19 pessoas desaparecidas por causa das chuvas, é eu não pretendo ser mais um nessa estatísticas, então decidi não conhecer San Pedro de Atacama, um dos motivos é minha segurança e outro motivo é que o clima lá não está dos melhores clima das chuvas e o astral do povo, afinal 19 pessoas desapareceram e as buscas estão mobilizando bombeiros e moradores da região.
 Conversei com algumas pessoas sobre essa condição instável do tempo e com algumas pessoas que passaram recentemente pela região entre elas com o meu amigo Mala, ele fez um outro caminho pavimentado mais ao norte de Calama e me informa que na época a estrada estava em boas condições, mas no entanto era antes do inverno do altiplano, tive a tarde e a noite toda para pensar nas condições e opções e como Aldo me falou: Deus vai me mostrar qual é melhor escolha para fazer.
 Fiquei pela cidade, a tarde fui conhecer um pouco da cidade de Calama, aproveito para ir no parque Loa, ali passa um rio que se forma nessa época com as águas que vem da Cordilheira, muitas pessoas também param lá para ver e todos estão admirados com a força da água, aproveito e converso com algumas dessas pessoas e todas me falam a mesma coisa que não devo seguir pedalando pelo caminho que vai por San Pedro de Atacama, fico sem saber oque fazer.
 Esses dias aqui em Calama sem fazer nada me deu a possibilidade de rever as fotos que tenho nos cartões de memória,  cada foto uma lembrança boa, nessas fotos revejo e relembro muitos momentos vividos com amigos em churrascos, conversas de bar, passeios de bicicleta, muitas fotos de viagem e é nessa hora que me dou conta como sou felizardo em me dar esse presente que é conhecer lugares, culturas e o melhor de tudo, conhecer pessoas com quem eu sempre compartilhei histórias por onde passei. Dentre tantas fotos algumas me fazem escorrer algumas lágrimas, inclusive agora enquanto digito, as fotos que me refiro são da minha avó Lucilda, ela sentada na sua cadeira na área de casa costurando, uma foto preto e branco que adoro, uma das poucas fotos que tenho dela, nessa hora percebo que aquela "veinha" faz falta, e esse é um dos motivos que peço para meus amigos dar notícias a ela. Outras duas fotos que me causam boas lembranças são do meu avô, nem sabia que tinha essas fotos, mas tenho a recordação da última vez que levei ele ver suas lavouras, ele sentado no banco do carrona com seu cilindro de oxigênio em meio a suas pernas, me vem a tona o quanto ele ficou feliz em ter saído de casa depois de muito tempo só sentado por motivos de saúde, nessas fotos posso rever seu sorriso.
Depois de cinco dias em Calama acompanhando as Previsões de chuva enfim vejo que terá uma janela de três dias de tempo bom em Ollague, cidade que faz fronteira com a Bolívia, então é hora de partir.
Saio de Calama as 6 h da madrugada, parti olhando as estrelas e após uma hora acompanho o sol aparecendo por de trás das montanhas, logo com seus primeiros raios de luz já vejo vários vulcões com seus picos nevados, isso me dá um ânimo para seguir pedalando.
 A cidade de Calama está situada a mais ou menos 2300 metros de altitude, aqui já senti alguns sintomas do ar um pouco rarefeito, tive sangramento no nariz dois dias senti um pouco de dor de cabeça e isso não é nada comum para mim. No entanto em 198 km de Calama a Ollague eu irei subir 1300 metros de altitude, isso quer dizer que em 200 kms eu só irei subir, e foi o que aconteceu subidas longas, intermináveis, sempre subidas.
 Conforme o oxigênio vai diminuindo o corpo vai padecendo, isso por que estou fazendo uma atividade física no extremo do meu corpo. Pedalo uns 5 km e tenho que parar para descansar, mais alguns km e paro outra vez, assim vou indo, devagar e parando para oxigenar os músculos e o cérebro. Faço meu almoço com o sol a pino, sem nada de sombra para me abrigar,  após o almoço encontrei um lugar onde escorar a bicicleta, na sombra de um alforge protejo minha cabeça do sol e tiro um cochilo, ali mesmo na beira da rodovia, depois disso encontrei uma família de cariocas, o primeiro carro passou por mim tirando fotos e acenei, olho a placa e é do Brasil, logo atrás vem um camioneta, também tirando fotos, falei que sou brasileiro, já pararam e tiraram muitas fotos do cicloturista que pedalava só em um deserto, ganhei de presente água, água do Brasil, sério gente até a nossa água  é melhor quando se está a muito tempo fora de casa, de quebra ganhei lugar para ficar quando retornar para o Brasil. No primeiro dia consegui pedalar apenas 85 km, meu corpo não aguentava mais, as 16 h da tarde já estava armando acampamento no meio do deserto, entro na barraca e faz muito calor, tiro a roupa e durmo por umas duas horas, acordo, faço um lanche e vejo o sol se pôr novamente por de trás das montanhas de onde são extraídos minérios, entre eles o mais encontrado é o cobre.
 Durante a noite no deserto acordo algumas vezes, olho pra fora da barraca e vejo o céu estrelado mas não tenho ânimo para sair fotografar as estrelas, o frio é intenso, acredito que deveria estar uns 6°c. Durante a noite também tenho a impressão de ouvir pessoas conversando, claro que não tenho coragem para abrir a barraca e olhar, simplesmente passo a mão no facão que toda noite está do meu lado e presto a atenção e fico atento, mas isso deve ter sido sintoma do cansaço e da falta de oxigênio, a mente parece ficar um pouco confusa as vezes.
 Amanheceu o dia, acordo mas não saio do saco de dormir, tomo meu café da manhã ali mesmo dentro do saco de dormir, espero o sol pegar na barraca para secar e poder guardar. Pronto 9 h da manhã é hora de pegar estrada, logo nos primeiros quilômetros o corpo já fica cansado, paro, respiro fundo algumas vezes e volto a pedalar, assim foi durante o dia todo, algumas vezes fico tonto a ponto de ter que parar e apoiar os pés no chão, a dor de cabeça me acompanhou a tarde toda, mas não poderia me dar o luxo de parar e acampar, tinha que chegar em Ollague no mesmo dia, afinal as Previsões de chuva marcam muita chuva para daqui dois dias. Pedalando e parando eu segui pela Ruta 21, entre salinas e lagoas fui sofrendo com a altitude mas enfim cheguei na cidade de Ollague e a primeira coisa que fiz foi procurar um posto de saúde para aferir a pressão, mas o enfermeiro ou sei lá quem era disse para eu sentar e descansar, pronto ele não queria aferir a pressão mesmo.
 Ollague é uma cidade também de mineração, aqui tem uma estação ferroviária, e nessa estação existe alguns vagões estragados, advinha quem olhou para um deles e pensou: Esse vagão vai ser minha casa hoje!
 A cidade deve ter menos de 400 pessoas, acho que encontrei 10 delas nas ruas, entre elas um senhor que pedi informações sobre algum armazém para comprar algo para comer, e advinha, tudo fechado, mas a parte boa é que ele me deu muita água, peguei uns 5 litros de água. Quando estava pedalando para dar mais uma olhada no meu vagão avistei um armazém aberto, fiquei feliz com aquela imagem, vou até lá e compro biscoitos e uma caixa de leite, o leite é para brindar comigo mesmo os 31 dias dentro do território Chileno, ou também pode ser por que amanhã entrarei no território Boliviano.
 Digo amanhã entrarei em território Boliviano por que estou digitando isso em minha Casa Vagão, um lugar que me protege de boa parte dos fortes ventos que fazem aqui na cidade, mas agora com o sol já se pondo a temperatura vai caindo rapidamente, a previsão para hoje aqui é 5°c, bom pra dormir com duas calças, casaco, touca em um saco de dormir.









Diário de viagem dia 20/02 à 27/02

diário de viagem dia 20/02 a27/02.

 Deserto do Atacama o ambiente mais árido do planeta.

Los Vilos serviu para recarregar minhas energias, seja pela animação da Fernanda e do Alfonso, pelas histórias, comidas e algo que acabou acontecendo, mas a parte que eu não contava é que em uma semana eu perderia o condicionamento físico e o ritmo da viagem, mas pra voltar isso nada melhor que subidas, muitas subidas. Para comemorar os dois meses de viagem pedalei 95 km com muitas subidas, entre uma dessas pequenas  subidas de 9 km um carro passou por mim e buzinou, acenei e segui pedalando, mais a frente vejo esse carro parado a cerca de um quilômetro estrada acima, vou de encontro e começo ouvir um som diferente, olho para o alto um drone sobrevoando e tirando fotos de mim, me acompanhou cerca de 500 metros sempre me acompanhando do alto, a subida era tão íngreme que não tive ânimo para parar e conversar com o piloto do drone.
Nesse região as cidades já vão ficando escassas, em um pequeno povoado resolvi pedir se teria algum lugar para acampar, permissão concedida passei a noite ao lado de uma igreja, sem barraca, apenas com o isolamento térmico e o saco de dormir, assim olhando as estrelas que nessa região já são incríveis, durante a noite acordo várias vezes para observa las, em um desses momentos vejo três cometas em menos de 5 minutos e em outro momento 4 cometas na mesma região um seguido do outro, algo de menos de um minuto, fantástico.
Dia seguinte pedalei 60 km até chegar em um posto da Copec, precisava chegar até a cidade de La Serena para encontrar uma casa de câmbio, meu dinheiro Chileno estava acabando e ainda tinha pesos argentinos para trocar, pensei que a forma mais rápida seria pegar uma carona, bora lá pra saída do posto. Consegui carona com uma família, pai, mãe e dois filhos.
Uma  família e mais 5 amigos estavam indo a praia próxima a La Serena, perfeito, ia ate lá e seguiria pedalando, mas me falaram que passariam a noite nessa praia e no dia seguinte iriam até Bahia Inglesa, uma praia mais ao norte, essa praia já tinha ouvido falar e sabia que era linda, então por que não aceitar o convite e ir com eles. Viajamos a noite mesmo, chegamos a Bahia Inglesa as 3 h da manhã, armamos acampamento e bebemos uma cerveja para comemorar, então fomos descansar. Dia seguinte ficamos aproveitando a praia é a noite ficamos conversando em volta de uma fogueira que fizemos na praia, igual nas cenas de filmes, uns sentados, outros deitados e todos bebendo, vinho ou cerveja e comendo marshmallow, e o céu, à o céu estava lindo entre as nuvens que cobriam parte das estrelas.
Obrigado por terem me acolhido como se fosse parte da família, levarei na memória os bons momentos que passamos juntos, um até breve acho que é justo.
Como eu estava com pouco dinheiro Chileno Javier me fez a gentileza de trocar um pouco de dinheiro para que eu chegasse até Antofogasta, ali em uma cidade maior seria mais fácil de conseguir casa de câmbio, até isso o cara fez, me quebrou um galho enorme pois na ruta do deserto onde seguiria pedalando são apenas vilas as margens da praia, em muitas delas nem se quer tem mercado ou alguma venda para comprar pão ou algum alimento, foi com essa ideia que me abasteci em Caldeira, ali fui até um supermercado e fiz as compras, ovos, aveia, banana, açúcar, macarrão, pão, atum, condimentos, tomates, biscoitos, cebola e água, água pois necessitava de água e de garrafas plásticas para usar mais adiante, a brincadeira me custou cerca de 70 reais essa ida ao mercado, mas era necessário comprar alimentos, mas não fazia ideia de quanto isso iria pesar, quando sai com as as sacolas na mão me dei conta de que me faltaria espaço para guardar tudo, enquanto isso as pessoas ficavam me observando eu lutando com a falta de espaço.
 Caldeira é uma cidade portuária com um astral nada bom, muitos pedintes nas ruas, não sei explicar mas minha intuição me disse que ali não era lugar para mim, então depois das compras peguei estrada rumo ao norte. Estrada que vai margeando o oceano pacífico, lindas praias bem próximas a Ruta 5, sempre escolho algum lugar lindo para fazer minhas refeições e lanches, me alimento e aproveito o visual. Caindo a noite é hora de acampar, escolho um mirante para passar a noite, faço minha janta, me arrumo e vou para o saco de dormir, durante a noite acordo algumas vezes para observar as estrelas, mas em poucos instantes já volto a dormir, o cansaço é maior que a vontade de ver as estrelas.
Acordo antes do sol aparecer por de trás da Cordilheira, tomo café da manhã, pão, ovos, aveia e banana, energias carregadas para mais um dia longo de pedal.
 Pedalo o dia todo, paro apenas para fazer as refeições, pedalo no meu limite, só paro quando o corpo não aguentava mais seguir adiante, nas noites a história se repete quando o assunto é acampar, comer e dormir.
 Sempre que encontro algum lugar abasteci meu reservatório de água, ando com 8 litros de água, o suficiente para um dia e meio, água para tomar café da manhã, almoço, jantar e água para beber durante o dia.
A vegetação no deserto aos poucos vai se acabando diante de meus olhos, onde no início do deserto existe alguma vegetação agora é apenas areia, areia e lixo na beira da Ruta.
 Faltava cerca de uma hora para o sol de pôr, minha água estava acabando, eu no meio do deserto, resolvi levantar minha garrafa plástica pra pedir água, passam alguns caminhões e nada de parar, ao longe vejo um caminhão cegonha, esse para e me dá água, alem disso me diz que é melhor ir com ele pois a ruta mais adiante é perigosa, não tem acostamento e já estava ficando noite, já que é assim então bicicleta em meio aos carros novos, seu nome é Iban, morador de Santiago que já levou outros ciclistas nessa mesma rodovia, seguimos viagem noite a dentro até chegar na cidade de La Negra, paramos e ele me convidou para comer um lanche, comemos e ele pagou, essa noite dormi em cima do caminhão cegonha, com o isolante térmico e o saco de dormir ao lado da bicicleta, não poderia arriscar em deixar ela sozinha.
Acordei às 6 da manhã, dormi cerca de 4:30 h descareguei a bicicleta me despedi de Iban, eu fiquei ali fazendo meu café da manhã e ele foi entregar os carros.
No meio do deserto o sol escaldante, e sem sombra para descansar, pedalo a muitos quilômetros em ascensão, serão muitos quilômetros mais sunindo, as panturrilhas parecem que vão queimar, no entanto encontrei um presente, encontrei um pacote de biscoito, algo engraçado, como se alguém tivesse deixado ali para mim ou para outro viajante, fico feliz e agradeço a quem fez isso, sem se quer saber se foi deixado ou perdido, mas enfim, quando como o primeiro biscoito me veio na lembrança os biscoitos de manteiga que minha avó faz, me deu uma saudade dela, me veio na lembrança as comidas, os biscoitos, as cervejas que tomávamos ao meio dia ou no final do dia, não imaginava que já sentiria saudades dela tão rápido.
Enfim segui pedalando rápido para diminuir o tempo nessa região árida de paisagem monótona, uma rodovia entre as montanhas de areia ou um terreno nada lindo de se ver, pelo menos esse é meu ponto de vista, mas estou pedalando no deserto mais árido do mundo é claro que não teria flores no caminho.
No caminho encontrei o Aldo, um Chileno que já viveu no Brasil e está me dando a maior força aqui em Calama, me acolheu em sua casa e está me dando um apoio em um momento difícil da viagem, o plano era sair de Calama, pedalar até San Pedro de Atacama e de lá seguir para o Uyuni na Bolívia, no entanto o inverno boliviano está trazendo chuvas aqui para o deserto e com isso as estradas ficam interditadas para qualquer meio de transporte, imagine para uma bicicleta né.
Esse contratempo me tirou o sono, me deixou sem saber oque fazer, Aldo me levou até os bombeiros para conversar com eles e ouvir o conselho de quem intende da região e me falaram para não seguir pedalando pois seria muito arriscado isso, e mais uma vez estou sem saber oque fazer. No entanto hoje dia 27 pela manhã sai com a bicicleta para seguir até San Pedro de Atacama, o tempo está fechado com cara de que vai chover a qualquer momento, então parei em um posto de combustível para utilizar a internet e dar sinal de vida, olho a previsão do tempo e marca tempo bom apartir de amanhã, resolvo ficar mais um dia aqui em Calama e amanhã ver oque faço, se tento seguir a San Pedro ou se sigo o conselho dos bombeiros e vou de ônibus até a Bolívia e fico em segurança, pois como os bombeiros me avisaram que a chuva vem e leva tudo que está pela frente, pois a água vem das montanhas com toda força e não há barraca ou algo que vá me deixar em segurança. Então até breve e no próximo diário direi se segui pedalando ou se o conselho dos bombeiros falou mais alto.