sexta-feira, 22 de julho de 2016

Ruinas Jesuítas,Paraguai, Argentina e Brasil, Historia e cultura através do cicloturismo 3/3



 Em terras Tupiniquins o fiscal da Aduana fez sinal para encostar a bicicleta, acredito por ele ter visto que trazia as bandeiras do Paraguai e Argentina, porem logo falei que era brasileiro e ele sorriu e mandou eu seguir.
 Passei pela cidade e segui rumo a Horizontina, já passava da 14:30h e já estava novamente com fome, eis que surge as maravilhas do Rio Grande de Sul, as frutas cítricas bergamotas e laranjas, não resisti e roubei algumas para a viajem, estavam uma delicia, bem maduras e doces.

 Na rodovia Brasileira percebi a diferença entre a cultura do povo, a hospitalidade e respeito recebidos no Paraguai e Argentina aqui no Brasil foi por água abaixo, pessoas olhando mas não respondendo o aceno e não respondendo o boa tarde, e o pior de tudo, não deixando uma distancia segura ao ultrapassar.
 Foi em estradas gauchas que aconteceu o primeiro risco de acidente da viajem, eu estava pedalando em uma subida e de encontro vinha um trator e logo atras um caminhão, e justo na hora que eu estava do lado do trator o caminhão ultrapassou o trator, deixando assim minha vida vulnerável a um erro daquele motorista.
 Na região a paisagem mudou completamento, a agricultura é a atividade predominante,onde antes era a Erva-Mate e o Pinus.
Plantação de Canola
 Restava mais 25 km até Horizontina o corpo estava cansado, parei e descansei 2 vezes. Quando cheguei em Horizontina parei em um posto de combustível para por credito no celular, porem o frentista me indicou ir a um restaurante ao lado do posto, lá sim conseguiria a recarga do celular. Precisava de internet para me comunicar com a minha prima Cleusa, pois só tinha avisado ela que chegaria na cidade e ficaria na casa de algum parente. Comecei a conversar com o SR. Otavio dono do restaurante e comentei onde eu passaria a noite, logo me falou que conhecia todos os meus parentes na cidade, ai em diante ja fui convidado a sentar e tomar chimarrão e comer bolo, aquilo foi musica para os meus ouvidos, afinal estava morrendo de fome.Barriga cheia, corpo quente foi hora de partir, pedi ao Sr. Otavio o endereço do Edifício Sartor, aonde as minhas tias moravam e onde eu ia passar a noite.

 Quando cheguei lá a tia Sueli estava em frente ao predio me aguardando com uma cara de alegria e surpresa em receber um viajante que apareceu sem avisar. Bicicleta guardada na garagem e alforges no apartamento, subi e tomei um banho e jantamos e claro acompanhado de muita conversa sobre a viajem.
 No dia seguinte ja fui promovido a motorista particular, fomos na loja de roupas que as tia Silda e Suli tem no cento da cidade. Almoçamos junto do grupo de idosos que elas participam, lá provei um sentimento até então desconhecido, sentimento de reconhecimento por uma aventura linda, cheia de historias e cultura. Antes de ser servido o almoço o Sr.Valdir Presidente da associação de idosos anunciou no microfone que eu tinha vindo de bicicleta do Parana até lá, logo começou os elogios, senhoras e senhores saiam de suas mesas e vinham em minha direção para me parabenizar e falar palavras de incentivo e apoio, detalhes que me faz sentir bem e que me dão animo para seguir fazendo oque eu tanto gosto.
Adicionar legenda





 Na sexta a noite fomos até Cascata, distrito do município de Horizontina, lá as tias Silda e Sueli tem uma casa de final de semana. Logo quando chegamos o barulho da água do rio me chamou a atenção, e foi com esse som que dormi duas noites, ao sol da queda d'água na cascata. Passamos o final de semana lá reunidos com a família, todos curiosos para ouvir as minhas historias.
 Durante a semana as previsões do tempo não eram favoráveis, pois prometia fortes chuvas acompanhado de temporais em toda região sul e por medida de segurança optei em não ir pedalando até as ruínas, já que tem uma distancia relativamente longa entre as cidades e um temporal no meio do caminho não seria nada bom, ainda mais se acompanhado de granizo , ja que nos dias anteriores o granizo já tinha feito vários estragos em todo Rio Grande do Sul e certamente eu não pretendia ser uma dessas vitimas.
 Na terça embarquei no ônibus em Horizontina e percorri 160 km até chegar em Sao Miguel das Missões, lá uma cidade pequena que mantem as tradições gauchas, é possível ver nas ruas homens vestindo seu traje tipico, bombacha, bota lenço no pescoço e em dias de frio o famoso opala , isso tudo montado em belos cavalos bem cuidados.
 Almocei em um restaurante próximo as ruínas, o numero de pessoas me chamou atenção, pois era perceptível que eram turistas assim como eu. Cheguei antes de abrir a bilheteria das ruínas, enquanto isso fiquei conversando com um dos seguranças patrimoniais e com um casal de turistas do Rio de Janeiro .Aos poucos começou chegar os carros no estacionamento, carros com famílias inteiras, desde crianças até idosos.
 Como sou estudante o meu ingresso custou apenas 2,50 reais, ingresso que da direito a visitação diurna.Logo nos primeiros metros dentro da áreas das ruínas o tamanho da obra impressiona, estrutura bem conservada apesar de estar expostas as intempéries climáticas, obra rica em detalhes, todos esses esculpidos em pedra, o mesmo matérias que é feito toda obra. Uma das coisas que mais chama a atenção é a torre imponente que foi erguida ao lado da catedral principal.Ali também se encontra o antigo cemitério indígena , o pomar que foi revitalizado e hoje tem arvores frutíferas, muitos mudas de frutas cítricas entre outras especies e também vemos restos das antigas moradias dos índios guaranis, tudo em uma área bem protegida por seguranças patrimoniais que assim que alguém vá em algum local que não seja permitido soam o apito em sinal de advertência.









 Um desses seguranças me falou que em época de ferias escolares chega a ter 30 ônibus com crianças ali pra conhecer as Ruinas, como ele mesmo disse é apito pra todo lado e olhos bem atentos para evitar acidentes ou degradação das ruínas.
 Passei a tarde toda contemplando aquela beleza, em algumas vezes servi de fotografo para os visitantes e em outras oportunidades pude dar uma explicação de onde se encontrava o cemitério, as antigas casas o pomar e outras coisas que tinha aprendido nas visitações as outras ruínas. Oque deixa a desejar nas Ruinas de Sao Miguel das Missões é a falta de um guia Turístico para acompanhar os visitantes, alem disso esta tudo perfeito.No mesmo momento em que contemplava a beleza das ruínas pude por meus pensamentos em ordem, sozinho perdido nos pensamentos e lembranças.
 Final da tarde me hospedei na Pousada das Missões, pousada que fica encostado da area das Ruinas. Com o anoitecer a temperatura despencou, tomei um bom banho quente e fiquei no quarto até a hora do show de Som e Luz que começaria as 20:00h.
 O ingresso custou 7,00 reais e as 20:00 começou o espetáculo, acredito que deveria ter mais de 120 pessoas lá assistindo. Certamente um espetáculo que valeu a pena ter enfrentado o frio,sons nítidos e bem distribuídos pelas varias caixas de som no ambiente e combinado com as luzes sincronizadas.
Show Som e Luz

Show Som e Luz

Show Som e Luz
 No dia seguinte com uma temperatura de 6º  fui até Santo Ângelo conhecer a Catedral que leva o mesmo nome da sua cidade, uma obra grandiosa e linda, vale a pena a visita.De lá segui para cidade de Horizontina onde passei mais dois dias conhecendo a cidade e só então voltei para o Oeste do Parana. Assim se encerrando mais uma cicloviajem, dessa vez com um gostinho especial, em ter provado a hospitalidade de pessoas que até então eram totalmente desconhecidos,seguir dicas de lugaras que deveria visitar, comecei meu curso de gastronomia internacional com as minhas super receitas a base de massas e sardinha, e o principal de tudo, sempre conhecendo muitas pessoas pelo caminho e sempre levando historias e deixando um pouco da minha historia.
Catedral de Santo Ângelo

Catedral de Santo Ângelo





terça-feira, 19 de julho de 2016

Ruinas Jesuítas,Paraguai, Argentina e Brasil, Historia e cultura através do cicloturismo 2/3

Liberdade.
 Dia seguinte acordei cedo , as 06:00h já estava tomando meu café da manha a base de risoto, esperei mais uma hora para poder visitar as Ruinas de Trinidad e mais uma vez la estava eu sozinho em meio a um Patrimônio da Humanidade, me espantou a grandiosidade da estrutura formada pelas aldeias em torno da capela principal, chegou ter mais de 6000 pessoas em torno das Missões Jesuítas de Trinidad.
Ruinas de Trinidad

Captolio que foi restaurado


Detalhes da obra

 Visita feita e registrada , novamente é hora de pegar a Ruta 6. Sai de Trinidad as 08:15h no horário local, uma hora a menos que no Brasil. Pela Ruta a historia dos sorrisos e acenos continuou assim me dando cada vez mais animo para pedalar. Por volta das 10:30h parei para comprar sanduíche, alguns kms adiante resolvi parar em algum mercado para reforçar meu cafe´da manha, comprei uma lata de cerveja, biscoitos e iogurte, bebi a cerveja e comi os biscoitos em frente ao mercado mesmo.
 Quando estava quase de saída pensei que seria legal comprar uma bandeira do Paraguai, o pais que me acolhei tao bem. Entrei no mercado e a atendente me mostrou dois modelos, escolhi a menor que tinha, custava 15000 guaranis, na hora de pagar veio a surpresa, a dona do mercado me deu a bandeira de presente para levar uma recordação do seu pais. Na hora fiquei emocionado porem contive as lagrimas, mas na hora que estava só eu e a bicicleta seguindo nosso rumo, não teve como conter as lagrimas, um sentimento bom que se tem quando encontro pessoas assim de coração puro e que mesmo sem elas saber dão o maior incentivo para continuar conhecer lugares, pessoas e historias.
 Passei por Encarnacion tranquilo, apesar de ser uma cidade grande foi fácil sair de lá, a cidade me lembrou Cidad del Leste, porem mais organizada. Antes de chegar na ponte que cruza o rio Parana e liga os países Paraguai e Argentina, tive que dar saída no Paraguai, logo apos a ponte tem a Aduana Argentina, fui bem atendido na hora de fazer a migração no pais, porem na hora de sair pedalando dois fiscais me abordaram, quando perceberam que eu era brasileiro ja ficaram mais amigáveis, acredito que a abordagem tenha sido por eu trazer a bandeira do Paraguai.
Ponte internacional entre Paraguai e Argentina.
 De lá segui pedalando na costaneira de Posadas, rota de 10 km as margens do rio Parana, ja passava das 12:00h e o corpo estava cansado, porem segui pedalando pois o objetivo do dia era chegar em San Ignacio, na Ruta Nacional 12 encontrei o cicloturista  Igor Gravina de SP, http://pedivelabikeclubepp.blogspot.com.br/ saiu de Foz do Iguaçu-BR/Corrientes-AR/ Assuncion-PY/ Foz do iguaçu-BR. Apos um breve bate-papo foi hora de cada um seguir seu rumo , eu para leste e ele para oeste.
Igor Gravina, cicloturista de SP http://pedivelabikeclubepp.blogspot.com.br/

 Fome, vento e subidas me fizeram chegar exausto em San Ignacio, lá encontrei um casal de Argentinos de Córdoba, fomos procurar hostel juntos, porem ficamos em hostel diferentes.
   Como era previsto, choveu a noite toda, isso me fez pensar se iria ou não conhecer as Ruinas de San Ignacio, fui, mas antes tivesse seguido a minha intuição, muitas estruturas metálicas em torno da obra, algo que tirou totalmente a beleza, dei uma olhada rápida, tirei algumas fotos e sai. O ingresso custou 150 pesos Argentinos cerca de 35,00 reais, e também da direito a visitação de mais duas Ruinas que existe na região, as Ruinas de Santa Ana e a outra não me recordo o nome, mas não me senti atraído pela oferta e segui direto sentido a Obera.

Jantar a base de Massa, molho a portuguesa e cerveja.




 Caminho com acostamento e varias subidas, o ritmo era lento comparado aos demais dias, quando percebi que o corpo estava sofrendo pela falta de nutrientes resolvi parar e fazer almoço, pedalei até encontrar um ponto de ônibus, la preparei uma sopa de frango e legumes acompanhado de Atum rico em proteínas, energias repostas, bora pra estrada.


Ponto de onibus, lugar perfeito pra preparar o almoço.
 Obera, logo que cheguei na cidade pedi informação em uma casa agropecuária, prontamente o dono me convidou para entrar e trazer junto comigo a bicicleta, lá pesquisamos rotas para chegar a Alba Posse e inclusive ligou no hostel pedindo o valor da diária, fiquei quase uma hora lá jogando conversa fora, emfim sai em direção ao hostel que estava a menos de 200m da agropecuária.Chegando la fui atendido por uma mulher que me mostrou as acomodações e resolvi ficar, o valor da diária era de 150 pesos Argentinos.
 Tomei banho e sai em busca de comida e de uma bandeira Argentina, parei em algumas lojas e não encontrei a bandeira, até que um homem indicou ir em uma papelaria ali próximo, fui e encontrei, paguei 50 pesos em uma bandeira de 30x40cm, de lá fui ao supermercado, comprei macarrão, molho italiano, sardinha e uma garrafa de vinho.Preparei uma porção generosa de massa, afinal estava sendo o meu almoço as 17:00h , enquanto preparava a refeição compartilhei um legitimo mate Argentino acompanhado de boas historias com a atendente do hostel.
Jantar a base de massa, molho italiano , sardinha e vinho.
Catedral de Obera

 Janta pronta é hora de provar a minha receita, e por incrível que pareça ficou bom ao paladar, porem horrível aos olhos, mas oque importa é o gosto, ainda mais acompanhado de vinho. Ficou tao bom que resolvi voltar ao mercado comprar mais sardinha e molho, aproveitei e comprei alfajors caseiros feitos com maisena e doce de leite, esses comprei para o dia seguinte para ir comendo durante a pedalada .Antes de dormir preparei mais uma porção de massa com sardinha, energia que o corpo iria armazenar para o dia seguinte.
 7º dia, acordei cedo e fiz meu café da manha mais uma vez a base de macarrão e sardinha, comi, lavei a panela e os talheres e segui viajem , seriam 120 km até Horizontina/RS. Trajeto com muitas subidas, tanto nos 60 km argentinos, como nos 60 km brasileiros, caminho difícil porem lindo, passei por alguns mirantes com uma vista linda que fizeram valer a pena o sacrifício do caminho, em especial os mirantes na beira do Rio Uruguai.
 Antes de chegar na Beira do Rio Uruguai, duas coisas me emocionaram, a primeira foi quando vi duas crianças entre 10 e 12 anos brincando a margem da rodovia, levando um pequeno barco de madeira até um 'pegador de agua' o interessante é que o barco tinha uma carretinha para leva-lo igual os barcos levados por carros. Cumprimentei os meninos e segui pedalando na dura subida, então avistei um helicóptero construído de madeira, parei e pedi permissão para tirar uma foto , logo os dois meninos vieram correndo para conversar comigo, na verdade não lembro como apareceram em minha frente tao rápido, no tempo que peguei o celular e tirei uma foto, já estavam em minha frente, dai em diante foi uma chuva de de perguntas e admiração a cada descoberta.
helicóptero feito de madeira
Crianças e sua curiosidade
 Alguns quilometros  adiante em outra subida uma camioneta passou por mim e buzinou, como sempre faço levantei a mão e acenei em forma de agradecimento, a camioneta e eu seguimos subida a cima, no final da subida vi a camioneta parada ao lado da pista e o motorista do lado de fora do carro. um senhor com mais de 65 anos andando ao redor da camioneta e com os olhos aflitos a minha espera, quando eu estava chegando perto o senhor me disse bom dia, então parei pois percebi que estava curioso pra saber a historia do viajante solitário. Conversamos durante uns 20 minutos e era hora de seguir adiante, mas não antes do senhor me desejar sorte e uma boa viajem.



Almoço na beira do rio Uruguai
 Apos os mirantes a beira do rio Uruguai não demorou muito e cheguei a cidade de Alba Posse , cidade pequena onde o principal atrativo é a balsa que da acesso ao Brasil. Logo que cheguei parei para comprar uma água para beber e cozinhar. Na beira do Rio Uruguai vi dois homens bebendo uma cerveja e pensei que seria legal conversar com eles , e foi isso que fiz, eram brasileiros de Santa Rosa-RS, pessoas do interior que ficaram surpreendidos com o meu feito, uma reação que já era de se esperar. Logo que comecei a tirar meus utensílios para o preparo do almoço, eles começaram a fotografar os meus modos de preparo, nao demorou e me ofereceram um copo de cerveja e é claro que aceitei, comida pronta é hora de almoçar, prato do dia a famosa Massa ao molho italiano acompanhado de sardinha, a legitima gororoba.
 Almocei e fui para a fila da Aduana e para comprar a passagem da balsa, na fila todos olhavam a minha bicicleta e algumas pessoas me faziam perguntas e os demais prestavam atenção nas respostas atentamente. A passagem custou 40 pesos argentinos, algo em torno de 10,00 reais, embarcados lá fomos atravessar o rio para chegar no Brasil.
Cruzando o Rio Uruguai entre Alba Posse e Porto Mauá. 


... continuaçao








segunda-feira, 18 de julho de 2016

Ruinas Jesuítas,Paraguai, Argentina e Brasil, Historia e cultura através do cicloturismo 1/3


 Ha uma semana Mauro, o Colombiano de http://alsurenbici.blogspot.com.br/, que á quatro meses atras estava aqui em casa retornou para Serranópolis do Iguaçu, teve um tempo de descanso para aguentar a pedalada ate o Rio de Janeiro. Durante essa semana resolvi me planejar sobre uma cicloviagem ate as Ruinas Jesuitas de San Ignacio, na província de Missiones na Argentina. O primeiro passo foi entrar em contato com algumas pessoas que poderiam me hospedar. Entrei em contato com o Eduardo Aleman, um seguidor no Strava, aplicativo utilizado por ciclistas para marcar a trajeto percorrido durante a atividade, entrei em contato pedindo se tinha algum camping na sua cidade e logo Eduardo respondeu que fazia questão de me hospedar em sua casa. Essa noticia já me animou pois já tinha uma hospedagem, também entrei em contato com outras pessoas através do warmshowers e mais uma hospedagem garantida, dessa vez o Ricardo da cidade de Puerto Rico/AR disponibilizou sua casa para me hospedar. Essas duas hospedagem me deram um estimulo a mais para pegar a estrada, pois antes de sair de casa tudo já estava ocorrendo muito bem.
 Quarta a noite avisei o Mauro que na sexta eu viajaria para a Argentina, ele ficou feliz com a noticia e resolveu sair comigo, porem seguiríamos caminhos opostos, eu para oeste ele para leste.
 Na quita deixei os alforges prontos, barraca e isolante térmico, tudo carregado na bicicleta.Combinamos de sair as 07:00h de casa, porem tivemos uma hora de atraso , saímos e seguimos pedalando até Medianeira rumo a Celso Cicles, lá peguei uma câmara de ar e o Mauro regulou o cambio  da Serena. Então foi hora de se despedir, ou melhor um até breve, pois acredito que ainda se encontraremos nas estradas pela America do Sul ou em Bogotá sua cidade natal.
Al Sur en Bici e Espirito Livre
 As 09:00h sai de Medianeira rumo a Foz do Iguaçu, as 11:30h parei para almoçar la mesmo em Foz, de lá segui para a fronteira com a Argentina, dei entrada no pais vizinho e como é de costume ouve a admiração das pessoas quando disse o trajeto que faria.
Ponte Tancredo Neves BR-AR



 Saindo de Puerto Iguazu sentido as Cataratas del Iguazu a estrada é bastante movimentada devido ao fluxo de turistas indo visitar as Cataratas Argentinas e o perigo aumenta pois não ha acostamento nesse trecho. Apos pegar a Ruta Nacional 12 o fluxo de automóveis diminui e a rodovia ganha acostamento, até ai já tinha pedalado 100 km  e restava mais 35 km até chegar a cidade de Colonia Wanda, lá passei a noite na casa do Eduardo Aleman o seguidor do Strava. Devidamente acolhido e apresentado a família e de banho tomado, saímos conhecer o centro da cidade, apos fomos jantar com um casal de amigos de Eduardo, Andrea e Jorge, um casal de ciclistas que estão planejando pedalar pela Ruta Nacional 12.
Eduardo Aleman
Norma e Eduardo
 Manha seguinte, hora de acordar, tomar cafe, arrumar as tralhas e partir , mas antes disso Norma a esposa de Eduardo fez uma oração enquanto estávamos a mesa, na oração ela pediu proteção e sorte na minha viajem, fato que me deixou emocionado e extremamente feliz. Antes de sair Norma me presenteou com alfajors e chocolate, uma boa dose de energia para o dia de pedalada.
Presentes da Norma

 O relevo começou a mudar nos km seguintes, a estrada fica com mais subidas e descidas, uma apos a outra parecendo uma montanha russa, ficando raro os lugares planos e com isso aumentando o meu desgaste físico e o consumo de água.
 As 11:30 cheguei na cidade de El Dourado, parei em um 'TENEDOR' para almoçar, apos alguns minutos chegou um caminhão no mesmo restaurante,logo percebi que se tratava de pai e filho.Quando desceram do caminhão começaram pedir da bicicleta, dos equipamentos e sobre a viajem. Almocei na área externa do restaurante para poder ficar mais próximo da bicicleta e o pai e filho almoçaram da área interna, quando fui pagar a conta o homem me chamou e pediu se eu não queria um carona até alguma cidade mais adiante, logo a resposta foi sim,ai estava a oportunidade de conhecer mais duas historias de vida, logo carregamos a bicicleta na carroceria do caminhão lá fomos 70 km até a cidade de Puerto Rico. O trajeto durou cerca de uma hora, tempo suficiente para descobrir que seu filho Martin é praticante de MTB e que leva na sua testa uma cicatriz do esporte , algo engraçado é que em todas subidas Daniel Luna dizia : La se vá Fabiano sufrindo en la subida jajaja.. Chegamos na Cidade de Puerto Rico, hora de se despedir e tirar uma foto para lembrar das pessoas que fazem parte da viagem.
Daniel Luna, caminhoneiro que me deu carona
 Em Puerto Rico consegui hospedagem através do warmshowers, https://pt.warmshowers.org/ logo na primeira mensagem que enviei Ricardo já se prontificou em me receber na sua casa. Segui pedalando pela rua que Ricardo tinha me passado, sem saber passei em frente a sua casa , então avistei uma sorveteria aberta, pedi para a atendente se tinha internet no local, ela disse que nao tinha mas poderia passar o sinal de internet do seu celular, com internet enviei uma mensagem para meu anfitrião, em menos de 10 minutos ricardo estava em frente a sorveteria, me apresentei e seguimos para sua casa, na realidade eu estava á uns 50 metros da sua casa.
 Logo que chegamos Ricardo me mostrou aonde seria o meu quarto , quarto  repleto de figuras e posters  nas paredes, quarto esse que foi do seu filho que atualmente mora em Buenos Aires. Ricardo é medico ginecologista e sócio de um hospital na cidade, devido ao seu trabalho logo teve que sair para atender uma paciente, porem antes de sair Ricardo me deixou a vontade para usar seu computador, TV, e tudo na casa, mas decidi pedir um livro para ficar lendo enquanto ele estava fora.

leitura pra aprimorar o espanhol

 A noite fomos na casa da sua namorada, com ela vive seus dois filhos, ela com 18 anos ele com 15 anos de idade, pessoas muito agradáveis que me fizeram se sentir bem logo que cheguei. Saímos para comer empanadas e conhecer um pouco da cidade, passamos pelo centro e fomos em direção ao rio Parana na avenida Costaneira.
Catedral de Puerto Rico
Renaut 64
 Teoricamente eu deveria estar pedalando  agora, porem não neguei o convite para comer um assado.Maravilhoso resume o assado feito pelo Ricardo, hoje se reunimos eu, Ricardo, Alicia,Matias, Jessica e Rose a irma do Ricardo, mas uma vez me surpreendi com a forma que fui tratado, poucas vezes me senti tao acolhido. Apos o almoço fomos em um sitio aonde familiares de Alicia vivem, pessoas encantadoras com quem pude compartilhar minha historia e experiencias.
''Mais uma vez estou sentado em frente a escrivaninha olhando pela janela, na vidraça vejo meu reflexo e a emoção esta a flor da pele, pensando em como sou uma pessoa de sorte em poder compartilhar momentos únicos com pessoas que talvez jamais irei reencontrar novamente '' Trecho do diário de viagem.

Meu quarto por dois dias em Puerto Rico
Atualizando o diário de viagem
 4º dia , acordei cedo, porem fiquei na cama, não demorou muito Ricardo bateu na porta para me acordar para tomar café , apos o cafe da manha lavei as louças sujas e então é hora de se despedir, agradeci Ricardo e Alicia pela  pela hospitalidade e ele como bom anfitrião deixou o convite para o próximo retorno na sua cidade.
 Hora de pegar estrada, duas noites em uma cama confortável fez diferença na hora de pedalar. Pedalei 80 km pela RN 12 até chegar na entrada da cidade de Corpus, da cidade até a Aduana foram mais 4 km de estrada de terra, chegando lá dei a saída no pais vizinho e logo os funcionários da Aduana começaram a tirar fotos da bicicleta e me perguntar de onde vinha e para onde ia.

Saindo da RN 12 sentido a balsa em Corpus



Trecho de 4 km de estrada de terra até a balsa
 Ja em cima da balsa os funcionários me falaram das ruínas de Jesus de Tavarague, esta esta a 12 km das ruínas de Trinidad, logo me interessei na informação.Do outro lado do rio em terras Paraguaias fiz a imigração no pais e segui pedalando sob uma temperatura de 26º clima quente e abafado as 12:00.

Travessia entre Argentina e Paraguai , via balsa.
 Logo nos primeiros km a receptividade do povo Paraguaio me chamou a atenção, crianças, adultos e idosos me acenavam e sorriam quando eu passava, algo realmente distinto que tudo que já tinha presenciado até então, segui por uma rua com pedras irregulares por 8 km até que as pedras deram lugar ao asfalto, e visivelmente ali começava a cidade de Bella Vista. Quando avistei um pequeno mercado resolvi parar e comprar algo para comer, logo que cheguei 'quebrei o gelo' quando começaram a falar em alemão, comecei a brincar com as 4 pessoas que estavam ali, dai em diante foi só perguntas e mais perguntas, uma conversa amigável e cheia de interesse de ambas as partes, deles em saber e eu em responder.
 Tomei uma cerveja com os dois homens que estavam no mercado e conversei com todos que entravam ali, todos que chegavam me cumprimentavam com um aperto de mãos, algo peculiar que transmite confiança.Fiz minha compra, 2 latas de sardinha, 2 pães, água e uma coca-cola, apos pagar a compra pedi permissão para poder usar o banco em frente ao mercado, almocei e deitei durante um tempo no banco em frente ao mercado, e mais uma agradável surpresa, as pessoas que passavam ali me davam boa tarde sem mesmo eu estar as vendo, crianças passavam e admiravam a bicicleta.

Tomando uma gelada com os amigos Paraguaios 

Primeiro almoço no Paraguai
 Na Ruta 6 segui sentido oeste, foram mais 30 km até chegar na estrada que leva até a cidade de Jesus , são mais 10 km de praticamente só subidas, demorei mais de uma hora pra percorrer esses 10 km, porem na volta demorei 20 minutos.
 A entrada nas Ruinas custou 25000 guaranis, algo em torno de 15,00 reais, porem esse valor da direito a visitação em mais duas Ruinas, as de Trinidad e as de Cosme y Damião. Ingressei nas Ruinas, eu era o único turista por lá, sozinho podendo contemplar todos os detalhes da da obra sem ter alguém por perto para me observar. Ruinas Jesuítas de Jesus devidamente fotografadas foi hora de voltar até a Ruta 6, a 500 metros da ja esta a entrada da cidade de Trinidad.
Liberdade na entrada das Ruinas de Jesus
Ruinas de Jesus
Ruinas de Jesus
Ruinas de Jesus
Detalhes nas Ruinas de Jesus
Ruinas de Jesus

 Em frente as Ruinas tem o Centro de Informação ao Turista , la me deram autorização para acampar aonde achasse melhor, montei a barraca e deitei um pouco para descansar  um pouco. Ao anoitecer é hora do show de Som e Luz nas Ruinas, desta vez o espetáculo foi particular, só eu de turista nessa noite, o guia muito educado me respondeu todas as perguntas. O espetáculo consiste em uma caminhada pelas Ruinas ao som de cantigas Guaranis e iluminação focada nas principais estruturas da obra, realmente vale a pena!!
Acampamento próximo as Ruinas Jesuítas de Trinidad

Show de Som e Luz

Preparando a janta, risoto de frango com legumes
 Antes de dormir preparei a janta , risoto de frango com legumes, uma delicia quando nao se tem outra coisa pra comer.
 ... contiaçao