segunda-feira, 3 de julho de 2017

Diário de viagem 15/06 a 22/06

Diário de viagem dia 15/06 a 22/06

Meu primeiro dia na Colômbia e logo uma subida duríssima, 27 km de subida, chuva fina, roupas molhadas e pra completar muito frio, eu pedalava me perguntando qual era o sentido de estar sofrendo tanto, logo veio a resposta, parei em uma tenda que vendia doces na beira da estrada, pedi se aceitavam dólares para pagar algo para comer pois estava com fome e muito frio, aceitaram o dinheiro e além disso viram que eu estava sofrendo de frio e me convidaram para passar a noite em sua simples casa, ali tomei um banho quente, ganhei comida farta, atenção e muito respeito. Essa foi a melhor resposta, meu sofrimento diário é recompensado em cada sorriso que ganho na estrada.
 Dia seguinte pedalei até a cidade de Pasto, logo que cheguei na cidade procurei alguma hospedagem barata, enquanto procurava um homem viu que eu estava perdido por ali, e me perguntou se precisava de ajuda, respondi que sim e ele prontamente me levou até duas hospedagem, mas estava fora do meu poder financeiro, quando estava seguindo para ver o preço de outra hospedagem passei em frente a sua gráfica e ele me perguntou se tinha conseguido encontrar algo barato, e respondi que não. Perguntei a ele se tinha internet wi fi e se poderia me passar a senha para que eu pudesse ver se alguém tinha me respondido no site de hospedagem Warshowers, e uma notícia boa, um pessoa tinha me respondido dizendo que eu poderia ficar em sua casa, pronto já tinha hospedagem.
 Ainda ali na gráfica peguei um dos adesivos que tenho da viagem e dei um para esse homem que me ajudou, e perguntei quanto custaria para fazer 100 outros adesivos, ele me passou um valor 3 vezes mais baixo que paguei no Brasil, é isso mesmo, também pensei que é um absurdo o valor que paguei no Brasil, enfim falei que iria fazer outros mais pois os meus estavam acabando e que esses adesivos dou para pessoas que fazem parte da viagem, com quem compartilho coisas boas e adivinha oque aconteceu, ele disse que no próximo dia eu poderia passar lá e pegar os adesivos que ele iria me dar eles, um metro quadrado de adesivos no que totalizou 140 adesivos, 140 pessoas que poderei encontrar e presentear com algo simples mas de coração.
 Meus anfitriões nessa primeira casa foram muito bons comigo, como também são cicloturistas eles sabem o quanto é bom ter um lugar para ficar, nos dias que estive ali fizeram de tudo para me sentir bem, inclusive em uma noite depois de bebermos algumas cervejas e um litro de água ardente resolvemos ir para uma “balada”, ali foi mais um ou dois litros de água ardente, estava tão mal que não recordo de muitas coisas, lembro que até eu dancei, algo muito difícil de acontecer.
 Depois de cinco dias em sua casa foi hora de trocar de anfitriões, dessa vez vindo para casa de uma também ciclista, e logo no dia que cheguei teve festa, era seu aniversário e alguns amigos se reuniram para comemorar a data, como era a maioria ciclistas os convidados eu acabei sendo o assunto da noite, contando as histórias que tinha vivido na estrada, falei sobre os equipamentos, as culturas dos outros países, diferença nas paisagens.










Diário de viagem 12/05 a 14/06

Diário de viagem dia 12/05 a 14/06

 Minha passagem pelo Equador digamos que foi um divisor de águas e mais uma vez me mostrando que não devemos fazer tantos planos assim, pois as circunstâncias nos levam a caminho não planejados.
 Digo isso pois de forma alguma eu queria passar na capital Equatoriana, como sou de cidade pequena as grandes metrópoles me causam um certo medo, mas como já comentei as circunstâncias nos levam a caminhos não planejados, foi assim enquanto estava em uma pequena cidade de cerca de 3 mil habitantes, descanso, lendo e aproveitando a natureza até que em um belo dia fui tentar sacar dinheiro e não consegui, com isso me obrigando a ir a capital reselver esse probleminha financeiro.
 Quando cheguei em Quito fui direto a um parque, sem saber que esse seria o meu lugar preferido nessa cidade, em menos de uma hora que estava ali sentado e começando a comer um “sevitchotcho” apareceu um homem e começou a conversar comigo, fazendo perguntas básicas sobre a viagem, depois de algum tempo ele perguntou onde eu iria me hospedar, e respondi que iria procurar uma casa de ciclista que tinha visto uma foto de outros viajantes, eis que esse homem que não recordo o nome me disse que tinha um amigo que recebia viajantes, me passou o endereço e pra lá eu fui. Logo que cheguei Carlos Tacuri me recebeu em sua bicicletaria, expliquei o motivo de estar ali, pela falta de dinheiro e por o seu amigo ter passado o seu endereço, e com um sorriso no rosto ele me disse que não teria problemas em eu ficar ali por alguns dias.
 Oque era para ser três dias até resolver o problema do dinheiro acabou sendo 30 dias, todo esse tempo com muitas lembranças boas, ali a pressa que me dominava antes de sempre estar pedalando aos poucos foi ficando para trás, aproveitando ao máximo os dias de muitas risadas, histórias e aprendizado na sua bicicletaria.
Entre tantas histórias teve dois acidentes de bicicleta do meu amigo Camilo, teve um quase atropelamento meu quando em uma noite uma mulher atravessou o sinal e bateu na roda traseira da minha bicicleta, mas por sorte não aconteceu nada de grave comigo, teve alguns pedais noturnos, visita a uma feira erótica, uma noite sai para dançar Salsa, na verdade fui só ver mesmo, teve dias divertidos com a Martha e a Carolina quando fomos na metade do mundo e quando fui jantar na casa de Martha, teve o furto da câmara, teve os dias que fiquei emocionado lendo as mensagens de apoio e teve lágrimas no dia que sai de Quito na despedida de Carlos Tacuri, do Francisco e do meu irmãozinho Camilo. Camilo é uma figura exencial na minha passagem por Quito, ele é uma pessoa super bom astral, sempre rindo e fazendo todos rir, excelente cozinheiro e se diz ser dançarino, isso não sei se é verdade, mas se dizia ir todos os dias nas aulas de dança.
Depois que deixei Quito para trás segui para fronteira com a Colômbia, depois de 30 dias sem pedalar eu sofri muito nas subidas que encontrei no caminho, mas em compensação encontrei pessoas maravilhosas que me tiraram vários sorrisos do rosto.
 Em Tulcan na última cidade equatoriana conheci uma família maravilhosa que me convidou para almoçar em sua casa e compartilhar algumas histórias que tinha vivido na estrada, assim deixando para trás mais um país, levando comigo ótimas lembranças dos bons momentos vividos ali em um país que para mim está se destacando na América do sul, pelas boas condições das estradas e infraestrutura em geral.