quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Diário de viagem 30/01-06/02

Diário de viagem dia 30/01 a 06/02

Depois dos três dias de descanso na casa do Fabian em Punta Alta, descanso e recarregando as energias, pois todo dia era muita comilança acompanhado de um bom vinho ou cerveja na madrugada do dia 30 Fabian me leva a uns 40 km de sua casa e me deixa em um posto de combustível para eu pegar uma carrona para sair de um trecho da rodovia que é muito perigoso.
Já no lugar onde tentaria a carona encontrei um pepelao onde fiz um desenho com o número 22, que era a rodovia onde eu pretendia ir. Cerca de meia hora já consegui a carrona.
 Fico na cidade de Médanos, enquanto monto a Bicicleta aproveito para comer alguns biscoitos e frutas, até que de repente para um caminhão, o motorista Hector Fabian é um vendedor de pneus que não está afim de percorrer 500 km sozinho no caminhão e pede se eu quero uma carrona, foi em um instante a bicicleta ja estava no baú do caminhão. Percorrendo os 540 km entre Médanos e Neuquen contamos muitas histórias, muitas risadas, também me disse que pretende visitar o Brasil no próximo ano.
Chego na cidade de Neuquen, uma cidade grande e movimentada, me informo sobre qual Ruta devo seguir para ir a Bariloche, todos me dizem ser rutas bem movimentadas e um pouco perigosa, mas tenho que pedalar. Bicicleta na Ruta 22 pedalei 45 km até chegar na entrada de alguma cidade que não recordo o nome, parei comprei algumas laranjas peguei água e segui pedal, uns 5 km adiante parei comprar pêssegos, escolhi, peguei e já comecei a comer ali mesmo na beira da rodovia, eis que um homem para para comprar pêssegos também e olha pra mim é diz: Você não quer ir pra Bariloche?  Digo a ele que estou indo pedalando e ele diz que se eu quiser posso por a bicicleta no carro dele e ir de carrona, já que ele não gosta de viajar sozinho. Então fiz 950 km em um dia, passando pela chata e monótona Lá Pampa Argentina.
 Chegamos em Bariloche as 23h, a temperatura por volta dos 10°c me fez usar roupas mais quentes, como era muito tarde para procurar camping na cidade, resolvi passar mais uma noite em um posto de combustivel, dormi sentado na poltrona. Amanheceu o dia tomei café e segui rumo a El Bolson, no caminho encontrei um francês  Aël que já havia feito a carreteira austral e estava voltando do extremo sul Ushuaia, conversamos um pouco e resolvi voltar com ele para Bariloche, lá fizemos compras e acampamos no lago em frente a cidade, literalmente de frente para Bariloche, acredito que poucas pessoas fazem isso, pelo menos nessa noite fomos os únicos com esse privilégio de ver o pôr do sol entre as montanhas e logo depois o céu estrelado contrastando com as luzes da cidade. No dia seguinte pedalamos até Villa Angostura, onde fizemos compras para acampar no belo Lago Espejo, muitas pessoas no lugar, entre elas um casal de mochileiros me chamou a atenção, ela fazendo artesanato e ele malabarismo, ela lendo um livro e ele malabarismo, um casal completamente diferente, pois ali estava a definição de que um completava o outro. Dia seguinte pedalamos 120 km até San Martin de los Andes, no caminho paramos para tirar umas fotos, nisso veio um cicloturista da Bélgica no caminho contrário ao nosso, tirei uma foto dele chegando, começamos a conversar e me apresentei, falei que era Fabiano Bulow, logo ele me deu uma olhada e disse: Você que é o Fabiano Bulow??  Respondi que sim, e por que a pergunta, ele respondeu que já tinha lido muitas coisas sobre mim e que eu escrevia, o cara chegou até dizer que eu era famoso hahah as palavras ditas por um Ciclista da Bélgica até que te dão um ânimo a mais, desculpe não lembrar seu nome, quem sabe você até vai estar lendo isso agora, abraço e boas pedaladas. Tirando isso o dia foi de pedaladas difíceis, muita elevação, vento contra e trânsito intenso de carros, nessa noite acampamos no aeroporto, claro que era proibido acampar lá. Dia 03/02 chegamos a cidade de Junin de los Andes, fizemos nosso café da manhã em uma rua pouco movimentada, após fomos ao mercado garantir o almoço, janta e café da manhã, o plano era pedalar 50 km até encontrar um lugar para acampar, mas pedalamos 85 km até chegar no Parque Nacional Lanin, onde tem um vulcão do mesmo nome, um lugar espetacular, acampamento na beira do rio de águas com tom de azul e verde esmeralda, simplesmente fantástico. Chegamos aqui com uma fina chuva caindo, e a temperatura também, logo que chegamos já tratei de ir fazendo nossa janta, batatas cozidas com molho de tomate e cebola e meu companheiro de viagem Aël bom acho que é esse seu nome, fez a salada, tomates, pepino, repolho.
Quando amanheceu o dia saio da barraca e vejo o vulcão imponente ao nosso lado esquerdo, com seu pico nevado ele se apresentava majestoso,  cerca de meia hora depois ele ficou encoberto por nuvens, algo magico, como se ele estivesse aparecido simplesmente para nos dar bom dia e mostrar que acampamos no lugar certo.
Nos últimos dias eu e Aël fizemos a Ruta dos Siete Lagos, onde a dois anos atrás em uma viagem de carro aqui no mesmo lugar vi um cicloturista pedalando, lembro com exatidão dos detalhes, bicicleta azul, alforges amarelos, camisa também azul, esse cara me fez pensar o porquê eu não era capaz de realizar o meu sonho, não queria passar minha vida olhando as outras pessoas realizar um sonho meu. E a dois anos atrás eu fotografava cicloturista e agora eu sou fotografado, muitas pessoas passam em seus carros com as câmeras voltadas a mim e sempre que posso dou um sorriso é um aceno, claro que estou longe de ser o único cicloturista aqui, aliás tem muitos cicloturistas aqui na Ruta dos Siete Lagos, creio que em um dia cruzamos com mais de 20 pessoas com suas bicicletas carregadas de equipamentos, viajantes solos, em casal e em grupo.
Dia 04/02 foi o dia de mais uma realização de um sonho, atravessar a Cordilheira dos Andes com a força de minhas pernas e com a minha força de vontade, só eu sei de tantas coisas que abri mão para estar aqui, e agora estou do outro lado da "Espinha dorsal do planeta". Logo após a fronteira eu e Aël paramos em um lugar onde estava acontecendo um campeonato de skate, advinha quem foi a atração da festa, fomos fotografados muitas vezes. Seguimos viagem até a próxima cidade de nome Caruaehe ou algo assim, tenho dificuldade com nomes de cidades, mas enfim, acampamos na beira de um rio que margeia a cidade, até que de repente no meio da noite ouso conversas e luzes, logo fico em estado de alerta e já com o facão na mão, sim todos os acampamentos o facão fica ao meu lado a noite toda, mas voltando a história, eram cerca de 7 pessoas que chegaram no local e nos viram, saíram e foram a poucos metros, ligaram um som alto, beberam cerveja e fumaram muita maconha, de onde eu estava deitado sentia o cheiro, mas não fizeram nada contra nós.
Dia 05/02 eu e Aël pedalamos até Pucon, uma cidade muito turística, aqui fomos ao supermercado e almocamos em um gramado, até que o segurança veio e nos tocou dali. Pedalamos sempre com um vulcão em nosso horizonte, o vulcão Villarrica, logo que chegamos na cidade fomos na praia que tem no lago, ali vi um motociclista que estava viajando também, começo conversar com ele, é um espanhol que veio ao Chile, comprou uma moto e literalmente é um nômade, não tem dia nem planos de voltar para casa, mais um cara fantástico. Eu Aël e Albert jantamos e acampamos com um visual fantástico, com o Villarrica como plano de fundo. Aliás jamais imaginei fotografar um vulcão com o cume em chamas, pois é aqui eu fiz isso, tenho fotos com o vulcão Villarrica assim.
Quem me conhece deve estar pensando: Ué o Fabiano não é o cara que só viaja sozinho?? Pois é, Aël é meu primeiro companheiro de viagem, e já me fez mudar de ideia sobre companhia, cara super gente boa, com quem estou compartilhando café da manhã, almoço, janta, compras no mercado e tudo que a estrada tem a oferecer, subidas onde as pernas parecem que irão pegar fogo, descidas a 65km/h, vento contra e alguns vinhos baratos, digo baratos por que compramos aqueles em super promoção. Não sei até quando vamos compartilhar a estrada, mas certeza que será lembrado como o francês mais louco que já conheci, e por falar em loucura ele vai fazer um mochilao no sul do Brasil, quem quiser ajudar hospedando ele por uma noite pode ter certeza que vai rir muito das histórias dele.













Diário de viagem 23/01-30/01

Diário de viagem dia 23/01 a 30/01

Depois da emocionante despedida da família Francou segui viagem pela Ruta 14, pretendia pedalar 120 km noite a dentro, mas minha cabeça estava voltada nas boas lembranças vividas com aquela família, entao resolvi pedalar até o anoitecer e parar em algum lugar seguro para passar a noite, parei em um posto de combustível na beira da Ruta 14, ali passei a noite conversando com um frentista gente boa com quem compartilhei histórias, dormi cerca de 3 horas em uma ducha que ainda estava em construção, emnum lado eu dormindo em cima do isolante térmico e em outra ducha a bicicleta estava trancada e segura.
Amanheceu o dia e pedalei rumo ao Uruguai, chegando na divisa dos dois países mais uma vez não pude passar pedalando, pedi uma carrona e gentilmente o dono de uma camionete aceitou me levar até o outro lado da ponte já em terras uruguaias.
Faço novamente os trâmites de aduana e alguns policiais me chamam pra conversar, pedem da viagem e converso numa boa, até que me pedem do facão que levo junto na bicicleta, fico com medo de querer me tomar ele, mas conto a história que ocorreu em Missiones e todos me dão razão pra ter ele junto, fico mais tranquilo e sigo adiante. Passei o dia pedalando nas subidas e descidas uruguaias, aos poucos umas nuvens foram se formando mas eu queria chegar até a cidade de Nova Palmira para ficar em um lugar seguro, ia procurar os bombeiros ou a polícia para armar acampamento por perto, mas a chuva, vento e trovões não deixaram seguir como planejado, passei a noite em um ponto de ônibus, isso mesmo, o ponto de ônibus foi minha casa, me abrigou da chuva, pude fazer minha janta e dormir sem me molhar, na hora de dormir tinha muito vento e frio, usei o saco de dormir para me proteger do frio e também deixei o facão ao meu lado para me proteger caso alguém aparecesse durante a noite. Noite tranquila de sono, única coisa desagradável foi quando acordei e vi que tinha sido saqueado por formigas, havia feito ravióli na janta e caprixei na dose para sobrar para o café da manhã, mas as formigas também gostaram.
Comecei a pedalar as 7h da manhã, o vento na direção sul/norte era o oposto do meu caminho, pedalei 130 km com vento na cara, exigindo ao máximo para fazer uma média de 13km/h sendo que o normal seria uma média de 19 a 20 km/h sem muito esforço, isso foi o Uruguai me mostrando que aqui os ventos não são para brincar, mas em meio a todo sofrimento passado nesse dia algumas paisagens foram de tirar o fôlego, estradas em meio as árvores lembrando aquelas histórias de filme infantil, cavalos soltos pastando tranquilo na beira da rodovia, vastas plantações de uvas, e cidades tranquilas onde a bicicleta é visivelmente o meio de transporte mais utilizado, oque me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas idosas pedalando.
Carmelo foi uma cidade que me chamou a atenção, na entrada da cidade senti um aroma adocicado no ar, como se estivessem passando perfume na cidade toda, parei em uma banca de frutas, comprei algumas laranjas e consumi algumas ali mesmo, conversando com a senhora que atendia, perguntei sobre aquele aroma e ela disse que era normal, que nem se dava mais conta desse cheiro pois já estava habituada, então na minha memória Carmelo sempre será a cidade mais perfumada por onde já passei.
De Carmelo a minha próxima cidade seria a tão sonhada Colônia del Sacramento, cidade com quem fiquei tanto tempo sonhando em conhecer, posso dizer que esse era meu objetivo no Uruguai, mas pra chegar até lá foi sofrido, ia contando os quilômetros. Na entrada da cidade parei em um posto de combustível pedir se tinha ducha para me banhar ali, não tinha, mas me indicaram um banheiro público do camping municipal, usei o mapa of-line do celular para me localizar, no entanto esqueci de olhar a direção, segui para o lado errado, quando me dei conta fiz meia volta e fui para o lado certo, quando olho para o lado e vejo um batalhão dos bombeiros, parei e pedi se poderia tomar um banho. Permissão concedida, banho tomado, fiquei por ali conversando com um dos bombeiros, o Rodrigo, cara super gente boa que tinha o maior interesse pela viagem, ficamos la conversando e a noite quando saiu de guarda fomos conhecer a cidade, entre as vielas históricas muitas histórias contadas de ambas as partes e mais uma vez pude perceber que estava inspirando mais uma pessoa a se soltar de suas amarras e ir em busca de seus sonhos, que até então Rodrigo pensa em conhecer seu país, o Uruguai. Explique a ele que por minha experiência o mais difícil é dar o passo inicial, após isso as coisas vão acontecendo como um passe de mágica.
Um viajante com dinheiro contado para alimentação, transporte e emergência e um bombeiro também com uns trocados na conta bancária, isso foi o suficiente para juntarmos 250 pesos uruguaios para comprar uma pizza e um vinho barato, sentar em um lugar onde pudéssemos usar a internet de graça e rir bastante. Isso é uma das coisas que quero mostrar as pessoas que encontro no caminho, não é preciso de muito para ter bons momentos. Já era tarde e Rodrigo precisava voltar para o batalhão, antes disso me presenteou com uma blusa, excelente para usar em noites frias.
Todas as hospedagens em Colônia del Sacramento são teoricamente com um valor alto para mim, resolvi passar a noite em claro para economizar esse gasto. São 2:30 h da madrugada e estou pedalando pelas ruas da cidade, conheço os pontos Turísticos de uma forma diferente, apenas eu e a liberdade. Noite com vento frio, nas duas horas que pedalei e fotografei a cidade, encontrei apenas três pessoas, um casal que andava de mãos dadas e um garçom empilhando as mesas do restaurante. São 4:40h vou ao terminal de transporte marítimo onde parte o barco que me levará até Buenos Aires. Dormir três horas encolhido nos bancos, nesse meio tempo fui acordado duas vezes pelos seguranças, uma das vezes por que minha bicicleta tinha caído do lado de fora aonde era permitido deixa-la e outra vez por que não era permitido por os pés em cima do banco, pedi mil desculpas e expliquei aos seguranças minha história, que nos últimos três dias havia pedalado 360 km e dormido menos de 10 h de sono.
Compro a passagem para a travessia entre Colônia del Sacramento e Buenos Aires, custou 540 pesos uruguaios. Na hora de fazer os trâmites de aduana levei no mínimo dois chingoes, um por estar usando o celular e outro por estar com a identidade muito velha, aí apresentei carteira da universidade, CPF, cartões de crédito e tudo mais que eu tinha, a aduaneira me deu mais uma juntada e disse que na próxima vez não entrarem na Argentina com aquele documento, respondi com um Ok e sai de orelhas baixas.
Em Buenos Aires desembarco no Puerto Madero, lá tive que passar todos meus equipamentos no raio x, 40 minutos para tirar e recolocar tudo no lugar, sigo para estação de trem. Eu sonhava em pegar um trem entre Buenos Aires ate Bahia Blanca, isso para minha segurança em não pedalar na região da capital, chegando na estação de trem tenho a péssima notícia que só tem vaga para dia 10/02 para o trem, literalmente estou ferrado, nesses poucos minutos que estive por ali todos me falavam para não desgruda da bicicleta, começo a ficar preocupado.
 Conversando com um policial sobre a segurança da região de repente chegou um Ciclista conversar comigo, e me disse pra sair o quanto antes da região, pois ali assaltos são constantes. Vou a estação rodoviária do Retiro, de lá partem os ônibus de longa distância, vou em cinco guichê e pergunto o valor da passagem até Bahia Blanca, todos em torno de 1000 pesos argentinos, porém não levam a bicicleta e sem bicicleta não tem viagem. Consigo uma empresa que transporta a bicicleta, 1050 pesos argentinos a passagem, 400 pesos para embalar a bicicleta mais 200 pesos para levar ela no ônibus, a brincadeira custou em torno de 320 reais para sair da capital onde sentia que não era lugar pra mim, que minha segurança estava em risco a qualquer momento. Nesse tempo de espera para a partida do ônibus conheci o cara que embalou a bike, Guilherme, um argentino super gente boa com quem fiquei a tarde toda conversando e quando tive que levar a bike no andar superior ele me ajudou, acho que você deve estar lendo isso né brother, sou grato pela sua ajuda e pelo livro que me presenteou.
Com a bicicleta carregada pude ficar um pouco mais tranquilo. Na viagem que duraria cerca de 9 h pude dormir um pouco, afinal estava exausto fisicamente e psicologicamente por ter se passado tudo isso em Buenos Aires.
 Você deve estar se perguntando por que vim a Bahia Blanca, é que no início da viagem ainda na província de Missiones conheci um oficial das forças armadas da Argentina, entre uma pizza e uma cerveja que ele pagou ele disse que se eu fosse vir pra cá poderia ficar na sua casa, e foi oque fiz.
Conversei com esse meu amigo falando que estava indo pra lá, e falou que era pra esperar na rodoviáriaque ele iria me buscar em Bahia Blanca, foi o que fez, carregamos a bicicleta e os equipamentos no carro. Minhas boas vindas foi a base de cerveja e carne assada.
Aproveito para limpar e lubrificar a bicicleta, organizo a cozinha e lavo as roupas. Tudo pronto para seguir viagem novamente.












Diário de viagem 17/01-23/01

Diário de viagem dia 17-01 a 23-01
Após fazer os trâmites de saída do Uruguai e entrada na Argentina cruzei a ponte que liga os dois países.
A poucos quilômetros já começou a aparecer as primeiras casas na beira da rodovia, também comércio, olho para um posto de combustível e vejo uma moto com a bandeira do Brasil, vou até lá para conversar com a galera, três motociclista que estavam voltando do Ushuaia, me contaram que na estrada havia mais ciclistas que motociclista indo e voltando do extremo sul do mundo. Chego na cidade de Colón, aqui visitarei uma família de amigos que conheci a dois anos atrás em uma cavalgada na cordilheira dos andes. Entrei em contato com Cristian pedindo se teria algum lugar para ficar, prontamente disse que ficaria em sua casa, assim foi. Quando cheguei na cidade procurei algum lugar para comprar frutas e que tinha internet para eu avisar Cristian que tinha chegado, e fui logo ao mercado onde Cristian faz compras, bela coincidência. Na chegada se demos um forte abraço trocamos algumas palavras e fomos até sua casa, bicicleta guardada, minhas coisas acomodadas, bem alimentado. A tarde fomos rever outros amigos de cavalgada, primeiro fomos ate a casa do Marcos,  sempre que lembrava dele me vinha na memória alguém que bebe muito hahah cara super gente boa. De lá fomos ver outra companheira de cavalgada, a Eliana que supostamente é gerente das Termas Villa Elisa, e me presenteou com  uma entrada nas termas, assim eu, Cristian e Marcos aproveitamos a linda estrutura das Termas, como estava vindo de outras termas no Uruguai aqui fiquei surpreso, tudo impecável, padrão superior a tudo que conheço sobre parques aquáticos ou algo do tipo, várias  piscinas com diferentes temperaturas, piscina de onda, wather cabe, aluguel de bicicleta, bangalôs, hotel, restaurante, literalmente uma vila.
De lá fomos conhecer o Armazém Francou, estabelecimento que a mais de 110 anos pertence a família, foi como voltar no tempo, tudo como nos tempos passados, ali pode se encontrar de tudo, um pedaço da história bem guardado, registro tudo com muitas fotos. Lá conheci um senhor com cabelos longos, barba por fazer, caminhando descalço, começamos a conversar, me chamou a atenção A serenidade e a forma como falava, pude perceber que era alguém bem instruído, antes de sairmos nos despedimos e ele me disse muitas palavras de incentivo, quando entramos no carro para voltar Cristian me contou que esse senhor é médico que abandonou a profissão e a cidade grande para viver uma vida simples no campo, ele mesmo fez sua casa, planta suas hortaliças e praticamente tudo oque precisa, em um momento de maior lucidez fez isso para o seu bem. A noite fomos jantar na casa da Laura, irmã de Marcos, todos ouvindo atentos a minha história. Na minha estadia por Colón também teve pescaria, eu, Cristian, Ricardo, Mateus, lúcio e o  Nael ofilho do Marcos, fomos pescar no rio Uruguai, pegamos alguns bagres e se banhamos nas águas.
Um fato que me deixou emocionado foi que lúcio e Nauel queriam sempre ficar ao meu lado, e em um momento falaram que queriam que eu ficasse ali em Colón, por que tinham gostado de mim e queriam aprender português. Pude perceber a sinceridade quando me falaram isso, e não desgrudaram de mim o tempo todo.
Mateus e Lúcio são criancas muito educadas, logo no primeiro momento que as vi percebi isso. Mateus muito responsável, e Lúcio uma criança fantástica, ficou o tempo todo perto de mim, não desgrudava. Lúcio tem uma bicicleta e anda com ela todos os dias, porém estava sem freio e sem um pedal, prometi a ele que iria arrumar para podermos dar umas voltas. Sábado acordei cedo e fui procurar uma bicicletaria para comprar cabo de freio e uma peça que precisava, com o freio funcionando ainda tinha o detalhe do pedal, aí fomos comprar o pedal, troquei e fomos pedalar pela cidade. A tarde fomos acampar em uma ilha no rio Uruguai, carregamos as coisas na lancha, fomos pescar e depois acampar, a noite o prato principal foi batata gourmet a moda do brasileiro.  Noite linda, clima ameno, céu estrelado e boas risadas, melhor impossível. Amanheceu e Cristian, Mateus e Ricardo foram pescar e eu fiquei no acampamento esperando Lúcio acordar, logo que acordou falei para comer alguma coisa e em seguida fomos caminhar pela praia, não demorou 15 minutos e já quis entrar na água, então lá fomos nós tomar banho de rio logo cedo, ficou praticamente o dia todo na água, não sei de onde tirou tanta energia para nadar, correr e pular o dia todo.
Pretendia seguir viagem segunda de madrugada, mas como estava muito cansados do acampamento  e Cristian disse que Lúcio quer me entregar alguma coisa, então resolvi adiar minha partida, seria injusto comigo mesmo se eu fosse sem me despedir deles, principalmente de Lúcio. Aproveitei para ir ao mercado e abastecer minha cozinha, garanti parte da comida para os próximos dias.
A tarde enquanto arrumava as minhas coisas vi que Lúcio estava com uma folha de caderno na mão, mas não dei importância na hora, só mais tarde quando fui tirar a bicicleta do lugar que vi do que se tratava aquela folha, nela tinha um desenho feito por Lúcio, eu e minha bicicleta, a bicicleta em movimento e eu sorrindo feliz. Quando vi o desenho não fiz outra coisa a não ser chorar escondido, tomei um pouco de água e fiz de conta que nada tinha acontecido.
Hora da despedida a emoção estava a mil, me despeço da Juliana a esposa de Cristian controlando a emoção, mas quando é hora de me despedir de Cristian, Mateus e Lúcio as lágrimas rolaram igual criança, criei um laço de amizade e apego em poucos dias, coisa que jamais teria imaginado, antes de partir dou a única lembrança que poderia a Lúcio, lhe dou uma ferradura que havia encontrado em Uruguaiana e pretendia carregada comigo, mas agora ela está bem guardada e espero que lhe traga muita sorte como diz a lenda.
Segui pedalando pela Ruta 14 chorando igual criança, as lágrimas não paravam de cair, uma felicidade imensa por ter tido essa experiência única, em poder ser a inspiração de duas crianças. Nesse momento percebi a importância que posso ter na vida de uma criança, como Cristian disse, virei uma espécie de Super herói para seus filhos, e prometo fazer o possível para honra los disso.
Em breve se reencontraremos e vamos  rir muito dessas histórias, abraço e se cuidem Mateus e Lúcio monito.










Completado um mês de viagem resolvi responder algumas perguntas que surgem quando me encontram no caminho ou pelo Facebook, a primeira    é sobre Patrocínio.
 Antes mesmo de iniciar essa viagem muitas pessoas já me questionavam sobre patrocínio, muitas delas achando que alguma empresa me bancava nas viagens ou me davam equipamentos para usar, mas infelizmente não é bem assim as coisas meu caro amigo, talvez eu não tenha redigido um projeto bom o suficiente para conseguir algum auxílio em dinheiro para um conforto maior na viagem.
 No entanto consegui sim algumas ajudas, enviei dezenas de emails para empresas e as poucas que retornaram sempre me diziam a mesma coisa, que a verba para patrocínio estava encerrada para este ano, no entanto a viagem ia acontecer do mesmo jeito, com ou sem patrocínio.
Então para matar a curiosidade de alguns sobre patrocínio e em forma de agradecimento as pessoas que ajudaram vou citar os item que consegui para essa viagem.
O primeiro item que consegui serve como item de segurança e muito útil nos dias de acampamento, digasse impreensidivel, é um facão de 18" com bainha, ele não sai da bicicleta. Já usei ele logo no terceiro dia de viagem quando em uma descida na saída da cidade de Eldorado dois motoqueiros passaram e me deram um tapa no braço para querer me derrubar, aí já puxei o "amuleto da sorte" e levantei e eles seguiram, não pararam. Também já estou usando para limpar peixes que ando pescando aqui em terras uruguaias. Isso foi colaboração do grande amigo Jerry Begnini, colaborando com a minha segurança.
 Outro colaborador é a empresa Meurer caça e pesca, a empresa colaborou com um casaco fleece que irá fazer a diferença nas baixas temperaturas que irei cruzar na Patagônia, também colaborou com uma carga de gás para o fogareiro, esse já estou usando para fazer minhas refeições e também com impates de aço, aqueles de pesca, você deve ter se perguntando pra que eu uso isso, é pra pendurar minhas tranqueiras nos alforges, como chinelo e caneca. Obrigado Karim e Fábio.
Outro casal de colaboradores é o meu grande amigo Fernando Tramontin e sua namorada Deise, fizeram a sacanagem de me dar um tablet e o teclado, isso eu uso para editar algumas fotos e escrever a maioria das publicações, então toda vez que vocês ler ou ver alguma foto pode ter certeza que terá a participação de vocês nisso. Pela minha cara no dia que ganhei o presente vocês viram que eu não estava acreditando né. Obrigado.
E o último patrocínio recebi da bicicletaria Celso Cicles, me presenteou com câmaras de ar, um alforge de guidão, revisão na bicicleta, emenda de corrente, caramanhola térmica, retrovisor e remendos. Obrigado a todos da bicicletaria, não só pela ajuda, mas também pela amizade, em especial ao Celso e o Maicon, daqui uns dias estou de volta pra fazer cafe aos sábados de manhã aí na bicicletaria, o melhor café da região era eu quem fazia hahah
 Vocês sabem que não estão apenas colaborando com uma viagem, estão colaborando com um sonho. Obrigado por terem acreditado no projeto Espírito livre.

Diário de viagem 11/01-17/01

Diário de viagem dia 11-01/17-01
Uruguai, o país vizinho que eu tanto queria conhecer, a exatamente a um ano atrás pretendia estar pedalando por essas estradas. No entanto dia 11/01 cruzei a fronteira pedalando, fiz os trâmites de imigração com um funcionário muito educado, pedi algumas informações e segui para a cidade de Bella Union, a primeira depois da fronteira.
Em Bella Union sabia que o rio Uruguai passava ao lado da cidade, então resolvi procurar um equipamento de pesca para me divertir e tentar pegar uma refeição, paro em um Duty free shopping e procuro mas não encontrei os equipamentos, me informei com um senhor e me disse que na banca em frente poderia encontrar algo, pra lá fui eu, comprei alguns anzóis e uma linha, e acabei conhecendo um comprador de Cidade del Leste que por muitos vezes passou pela região e ficando hospedado em Medianeira, muita conversa e no final al ganhei um cordão e uma bandeira do Uruguai. De lá vou para a beira do rio, onde tem uma costaneira na beira do rio, muitas pessoas estavam lá, ali tem área de camping com churrasqueira, água, luz, energia elétrica. Fiquei nesse camping, mas a bicicleta deixei em uma base da Marinha uruguaia, melhor garantir a integridade dela.
Primeira noite que como sozinho nessa viagem, vou a uma pizzaria, escolho uma pizza e um vinho, a pizza foi minha janta e café da manhã do dia seguinte.
Amanheceu e parti, segui pela Ruta 3 sentido Sul, paisagens planas e com muita plantação de cana de açúcar, diz que aqui é a capital da cana de açúcar.
Depois de pedalar uns 50 km cheguei a cidade de Colônia Palma, parei em um posto policial para pedir informações, e já me convidaram para almoçar com eles, aceitei e por lá fiquei. Conversando com um dos policiais disse que queria pescar, então ele ligou para o dono de uma fazenda por onde eu passaria e pediu permissão para que eu acampasse e pescasse na sua propriedade, lá fui eu, encontrei o lugar, uma ponte abandonada onde a poucas horas saíram os outros que estavam acampados, peguei um lambari e fiz de isca para tentar pegar um peixe maior, e consegui, peguei um Piau de cerca de um kg, logo foi pro fogo, fiz ele assado, a janta estava garantida.
Acordo as 4:30, arrumo as coisas e as 5:30 já estou na rodovia seguindo viagem, dessa vez o destino é as Thermas de Arapey, estrada nao tão boa assim, mas sigo pedalando e logo os primeiros raios de sol iluminam o horizonte, de um lado o sol aparecendo do outro a lua se pondo.
 Sai da Ruta 3 por 20 km até chegar nas Thermas Arapey, 150 pesos uruguaios custou a entrada com direito a camping, piscinas quentes, banheiros bons, churrasqueira e rio para pescar, logo que cheguei fui tomar banho, lavar minhas roupas e depois entrei na piscina, são quatro piscinas a disposição, com temperaturas diferentes da água, todas bem limpas e cuidadas.
Primeira noite vou pescar e pego piranhas, aproveito elas para fazer um caldo de piranha, ficou bom.
A noite os relâmpagos anunciavam chuvas, amanheceu o dia com muitas descargas elétricas, raios e trovões que não tinha presenciado no Brasil, mas aqui deve ser normal, ninguém apresentou algum sinal de preocupação. A chuva para e saio fazer meu café da manhã, depois piscina.
A noite é agita nas Thermas, um festival de folclore movimenta a praça, entre várias apresentações uma delas chama minha atenção, uma dança árabe, a dançarina de pele clara, cabelos encaracolados, fiquei observando o movimento do seu corpo, eu e todos ali que assistiam a apresentação. Aínda não consigo entender como ela conseguia fazer aqueles movimentos. Terceiro dia nas Thermas de Arapey o dia ficou com cara de chuva a maioria do tempo.
Sempre que vou as piscinas deixo a bicicleta em algum lugar onde eu consigo ver ela, mas geralmente deixo a poucos metros da piscina, muitas pessoas olham, tiram fotos, falam que sou do Brasil, e entre tantas reações uma me fez rir, um senhor vira o pescoço para poder ler o que está escrito no quadro da bicicleta, ouso ele falando, Cicloturismo Espírito livre, aí falei que eu era o ciclista, logo me parabenizou, então sua esposa também se aproximou e começaram a me contar que seu filho logo ira partir para uma viagem de bicicleta também, assim como eu, ele não sabe ao certo a data de volta, no dia que eu saí de viagem ele pediu demissão do trabalho para realizar esse sonho. Pude viver o lado oposto da história, eu que causei preocupação, nesse momento estou tentando acalmar uma mãe que terá um filho viajante.
Acordei às 3:30 no dia seguinte, já tinha deixado as coisas arrumadas nos alforges, então foi só tomar café e desmontar a barraca e partir.
 A lua iluminou a estrada, nem um carro essa hora na rodovia, em 35 km apenas 4 carros passaram por mim. Aproveito a noite e o silêncio para ouvir os animais que fazem alguns sons, rãs, vacas, ovelhas e com o clarear do dia os pássaros começam a sassaricar nas vegetações rasteiras e pequenos arbustos na margem da estrada. Pedalei 90 km até chegar em outras Thermas, lá me informaram que o valor do camping é 200 pesos uruguaios, algo em torno de 19 reais, achei muito caro. Me informei sobre uma outra Thermas que teria mais a frente, no município de Guaviyu, o centro de informação ao turista ligou lá e pediu o valor da entrada, 100 pesos uruguaios, 9 reais, e pedalei até lá. 137 km pedalados e bem aproveitados nas águas quentes. Camping bem organizado, várias piscinas, mercado, restaurante, bares.
Dia seguinte fui sentido a fronteira com a Argentina, seria 70 km até a cidade de Colón na província de Entre Rios. Acordei às 5 h da manhã, olho para cima vejo o céu estrelado, começo a preparar meu café e em questão de 5 minutos tudo muda, as estrelas são encobertas pelas nuvens e um vendo sentido Sul/norte começa a soprar.
A paisagem vai mudando aos poucos, as grandes criações de gado de corte vão dando espaço a outras culturas, como soja e milho.
 Pedalar no Uruguai sem ter vento contra não seria pedalar por lá, assim foi minha saída do país, 60 km pedalados com muito vento contra, ainda bem que seriam só 70 km no dia, se não eu estava ferrado.
Cheguei na aduana Uruguaia, faço a saída no país e dou a entrada na Argentina, um dos funcionários que está dentro da sala me vê e vem conversar comigo, ficamos ali mais de meia hora de bate papo.
Pude perceber que os Uruguaios são mais reservados que os argentinos, em muitas ocasiões quando eu estava conversando com alguém, sempre aparecia dois ou três por perto para ouvir minha história, mas ficavam parados como que se não quisesse nada, me deixando sem saber se queriam apenas ouvir ou se teriam alguma reação contra mim, ouviam e repassavam as informações a outras pessoas, algo bizarro. Outra observação é que o mate uruguaio não é compartilhado, cada um tem sua térmica e cuia, diferente de nos brasileiros e os argentinos.
Hora de atravessar a ponte entre os dois países. Novamente estou na minha tão queria Argentina. Mas isso eu vou contar depois, por que vai render belas histórias novamente.










Diário de viagem 08/01- 11/01

Diário 08/01-11/01
Dia 08 continue em La Cruz na casa da Sandra, aí foi dia de comer um bom cordeiro assado, no final do dia fomos conhecer as ruínas da cidade, construçoes com mais de 300 anos, e a noite desabou água na cidade, muitos raios e trovões em toda região, com isso a cidade ficou de energia elétrica. Manhã seguinte foi hora de partir, várias fotos de recordação e as 8:45 peguei estrada, no caminho até a ruta 14 encontrei o Zacarias, se saudamos e segui para rodovia.
Como sai tarde de Lá cruz subestimei minha capacidade de pedalar, achei que chegaria às 13:30 em Paso de los libres, mas o sol castigou e tive que fazer várias paradas no caminho. Em determinado trecho siguia pedalando e cantarolando alguma música, eis que olho para o lado e vejo que um carro segue ao meu lado, no primeiro momento fiquei preocupado mas logo que o motorista começou a me perguntar da viagem já me acalmei, seguimos conversando por uns 500 m pela Ruta 14, enquanto isso seus filhos aproveitavam pra tirar várias fotos do viajante solitário.
Mais adiante parei para descansar, em seguida parou um carro com uma família de argentinos, começam a fazer um lanche a base de sanduíches com peito de frango, sei que era peito de frango por que comi junto com eles, gentilmente me convidaram pra comer também, estavam indo a Foz do Iguaçu e Cidade de Lest.
No trecho entre La Cruz e Paso de Los Libres não tem nem uma cidade próxima a rodovia, é agora eu sei disso.  São 11:45 olho para o termômetro do ciclocomputador e está marcando 47°C, bebo muita água pra me hidratar. faltando cerca de 20 km para Paso de los Libres o corpo já está sofrendo pela falta de água, as paradas para descansar são mais frequentes. Chegando na cidade parei em uma sombra, o corpo queria descanso mas teria que seguir se não dormiria ali mesmo na beira da rodovia. No trevo de acesso a cidade o corpo não aguentava mais, levantei a garrafa de água para um caminhão mas o motorista não podia parar ali em cima da ponte, mais um carro passou e esse parou, me deu 3 litros de água gelada, ainda com gelo derretendo. Não tinha força para pedalar até uma sombra, então escorei a bicicleta na mureta que divide a pista, ali sentado em poucos centímetros de sombra e no asfalto quente fiquei bebendo a água para me reidratar. Logo chegou um Ciclista ele viu que eu não estava bem e pediu se queria que chamasse socorro médico, neguei a ajuda e ficamos ali conversando, cerca de meia hora depois ele falou que agora acreditava que eu estava melhorando, que não tinha saído dali até agora por achar que eu passaria mal, no sentido contrário surgiu outro Ciclista, resolveram me escoltar até a cidade de Paso de Los Libres, mas os caras não me deram moleza, seguiam a 20km/h sem dó do cara que a poucos minutos estava jogando na rodovia. Um deles se não estou enganado de nome Sergio me acompanhou até a casa do Rodrigo, o chefe da Marinha que deixou eu tomar banho em La Cruz. Rodrigo já estava me esperando com cerveja gelada, mas recusei o primeiro convite para beber. Fomos no centro da cidade de Paso de los Libres e na volta sim bebi para recuperar sais minerais importantes hahah. Dia 11 acordei tomei café e fui sentido a Uruguaiana. Assim que cheguei na ponte que liga a Argentina ao Brasil os guardas me pararam e disseram que não poderia atravessar pedalando, teria que achar uma camionete que carregasse a minha bicicleta. Fiz a saída na imigração e paguei um táxi para levar a bicicleta, 100 pesos argentinos custou a corrida. De volta no Brasil comecei a montar a bicicleta em frente a feirinha, um local com pequenas vendas uma colada a outra. Logo se aproximou um senhor me chamando de doido, que eu deveria ter mais juízo e voltar pra casa, ri das palavras e não dei bola. Fiquei ali por um bom tempo esperando um sinal de melhora do tempo, já que estava com cara de muita chuva, aproveitei para enviar umas mensagens para os contatos do Warmshowers tentando uma hospedagem ali em Uruguaiana. Depois de um longo tempo ali conversando com esse senhor com o nome de Gentil, ele falou que eu poderia ficar em sua casa naquela noite. Durante o dia todo perdi a conta quantas vezes esse senhor me disse que eu estava ficando louco de sair por aí de bicicleta, todas as vezes levei na boa, até que a noite ja em sua casa a paciente se esgotou, e pedi que me respeitasse, e apesar de estar em sua casa eu poderia sair dali a qualquer hora, ainda mais se ele continuasse com os insultos, então ele parou. Jantamos, conversamos mais um pouco e fui dormir. Na manhã seguinte ele me falou o por que me chamou tanto assim de louco e doido, disse que na sua juventude também sonhava em conhecer o mundo, saiu de casa e foi a 60 km longe e voltou, não teve coragem de fazer oque queria, após me falar isso disse que admirava minha coragem. Me despeço e sigo rumo ao Uruguai.
Antes de sair do Brasil passei dar um trato nos cabelos, entrar menos feio no país vizinho.
No trecho entre Uruguaiana e Barra do Quaraí encontro vários rios, em um deles resolvi parar para comer alguma coisa, fiquei surpreso com a quantidade de peixes, Carpas, piaus e outros peixes com mais de 2kg, tento pescar um mas sem êxito. Uma lembrança não tão boa na saída do país foi na hora que parei em um ponto de ônibus para descansar, fui atacado por um enxame de abelhas,  cinco ferrões no braço esquerdo fizeram ele ficar amortecido o dia todo.
No lado brasileiro da ponte que liga o país com o Uruguai o aduaneiro começa conversa comigo sobre a viagem e ciclismo, um senhor com espírito de aventura, com algumas viagens de moto e sua viagem de bicicleta foi na praia do Cassino no litoral gaúcho, a praia do Cassino é a maior praia do mundo.
Logo após dei entrada no Uruguai, um país que logo me agradou pela receptividade no trânsito, muitos acenos pelo caminho.