segunda-feira, 3 de julho de 2017

Diário de viagem dia 22/04 a 02/05

Diário de viagem dia 22/04 a 02/05
 Mancora é uma pequena cidade litorânea ao norte do Peru, lá reencontrei amigos brasileiros que havia conhecido na Bolívia e nessa mesma cidade fiz novos amigos entre eles os também cicloturistas Felipe e Flor do projeto Bibliocletas por el mundo, um projeto que já está a 5 anos percorrendo vários países do mundo com seu objetivo principal de incentivar a leitura, sempre com livros na bicicleta eles percorrem regiões críticas digamos assim, com a leitura e seu teatro de fantoches levam um pouco de alegria e esperança para crianças das mais diversas condições, digo isso porquê quando partiram de Mancora estavam indo para uma região de desabrigados pelas enchentes no Peru, lá iam levar alegria para pessoas que estavam sofrendo por não ter um teto para morar e quem sabe nem comida e água para se alimentar.
Outros cicloturistas que conheci foi Octávio e Léo, dois argentinos de Córdoba que estão viajando pela América do sul, com eles estava viajando outro brasileiro, Fábio, através de uma anfitriã que nós recebeu em Los Vilos no Chile, ela me passou o contato do Fábio e então se encontros aqui em Mancora e desde então estamos viajando juntos, esse carioca maluco viaja com uma bike dobrável aro 20, seu projeto é o Dobrandolando. Essa galera da bike e mais uns Mochileiros ficamos uma semana em frente ao mar, aproveitando para descansar as pernas e a mente em um dos lugares mais belos que já fiquei hospedado, digo belo pela energia do lugar e das pessoas que estavam ali, ali também aproveitei para matar a saudade dá pintura, o dono queria pintar algo na fachada do Hostel, lá fomos nós fazer o desenho e depois pintar, com isso só paguei a metade das diárias que devia, é como dizem 'O trabalho dignifica o homem’.
 Dia de separar a turma de cicloturistas, Felipe e Flor foram para o sul e o resto, eu, Fábio, Octávio e Léo fomos para o norte, saímos tarde do Hostel Misfits, saimos com aquela vontade de ficar mais, porém a estrada nos chamava, pedalamos pouco no primeiro dia, apenas 60 km, Octávio não estava se sentindo muito bem, resolvemos parar em uma cidade qualquer, procuramos lugar pra ficar na igreja mas o padre não estava lá, fomos em outra igreja e o pastor deixou nos passar a noite em sua casa, com lugar para passar a noite foi hora de fazer a janta, após a janta fomos tomar banho no mar. No final de uma rua escura que dava acesso a praia vi algo estranho, quando a onda quebrou vi um brilho no mar, na próxima onda aconteceu a mesma coisa, olhei para o Octávio e nos dois com mesma expressão de alegria, estávamos diante de um fenômeno da natureza, eu já tinha lido que esse fenômeno ocorria no Uruguai, Tailândia e em alguma outra ilha, mas não sabia que poderia ocorrer no Peru, esse fenômeno que estou falando é a bioluminescência,  este fenômeno acontece a partir do fitoplâncton phytoplanktons bioluminescentes, são criaturas marinhas microscópicas que geram luz como mecanismo de sobrevivência. Talvez esse seja um dos espetáculos mais belos que meus olhos tenham vistos até então, algo que sinceramente não tem fotos ou vídeos que possa demonstrar a beleza da cena, apenas para quem vê pessoalmente sabe do que estou me referindo.
 Dia seguinte foi o dia de cruzar mais uma fronteira, dessa vez a do Peru com Equador. Dia de sol forte, pedalamos 120 km até chegar na cidade de Santa Rosa, logo que chegamos na cidade fui sacar dinheiro, estava sem um centavo no bolso. Minha alegria quando saquei alguns dólares virou motivo de risadas de algumas pessoas que prestavam atenção nos quatro ciclista.  fomos pedir alojamento na polícia. Ficamos em uma sala com ar condicionado, banheiro e ducha, logo ao lado também tinha um preso, porém ele se comportou bem e não fez baderda.
 Mais um dia de pedaladas, o destino dessa vez foi Naranjal, logo que chegamos na cidade fomos a praça central, enquanto Léo e Octávio foram tentar alojamento eu e Fábio ficamos na praça, logo chegou um homem e começou a conversar com nós, também é um viajeiro, mas ele viaja de moto, esse homem nos deu uma 'salchi-papa’ para cada um, nossa janta estava garantida. Nessa noite ficamos nos bombeiros de Naranjal, espaço para dormir, cozinhar e tomar banho.
 Um dia de pedaladas duras e chegamos a cidade de Guayaquil, uma das maiores cidades do Equador, logo na chegada não me agradou o trânsito, muitos carros em alta velocidade, buzinas e aquela loucura de cidade grande, lá se perdemos do Fábio. Eu Octávio e Léo fomos tentar hospedagem nos bombeiros e na igreja, porém ninguém quis ceder um lugar para pôr as bolsas de dormir, então ficamos no Malecon da cidade, o plano era de ficarmos ali a noite toda, ou seja, iríamos dormir ali na praça dá cidade, mas chegou um colombiano e fez os argentinos mudar de ideia, ele falou que estava em uma hospedagem barata, não vou nem falar em valores para não rirem, porém fomos para o tal lugar, estava a 8 km de onde estávamos, no entanto tinha acabado de cair uma forte chuva na cidade, mais uma vez meu instinto acertou, algo me dizia que poderia ter algum lugar inundado na cidade, dito e feito, metade dá cidade estava alagada, no começo apenas cobria o pneu da  bicicleta, e aos poucos o nível da água foi subindo, e nos três lá pedalando feliz da vida, até que a coisa foi piorando, a água chegou ao nível dos joelhos, aí perdeu a graça para mim, vi que a coisa começou a ficar seria podendo ter algum buraco e causar um acidente, e a cagada aconteceu, Léo caiu em um buraco, para a sorte não se machucou, mas molhou todas suas roupas, esse episódio está gravado, Octávio vinha atrás de nós com sua câmera filmando nossa aventura pelas águas de Guayaquil. Chegando no lugar da hospedagem foi pra fechar a tragédia, um lugar sem as mínimas condições, o banho era de caneca 'obs: a dona do lugar e sua filha passando em frente de nós peladoes’, não tinja energia, e tinha nuvens de mosquitos, nem quando fui pescar no Pantanal eu vi tantos mosquitos igual essa noite.
Depois de uma péssima noite de sono amanheceu o dia e saímos de lá, não queria ficar nessa cidade por motivo algum, não me agradou nem um pouco, no entanto a próxima parada foi Montanita, litoral equatoriano, aqui tem a fama de ser a cidade mais festeira da América do sul, todo dia tem festa, surf, cerveja, e drogas, aqui não tem polícia para fiscalizar ou repreende ninguém, a fiscalização é feita pelas próprias pessoas que vivem aqui.
 Depois da passagem pela badalada Montanita foi hora de lugares mais tranquilos, mais uma vez os quatro mosqueteitos se separaram, os dois argentinos ficarám em Montanita e eu e Fábio seguimos, agora em um ritmo mais lento, talvez ainda sob efeito de um bolinho típico equatoriano que um brasileiro se São Paulo nos vendeu.
Na praia de Santa Elena fomos para a praia, ali achamos um lugar tranquilo para dormir, no entanto apareceu um policial pedindo para nós se retirar do local, era proibido acampar naquele local, então bora andar pra procurar outro lugar, andamos e achamos um lugar mais afastado dos hotéis e movimentos da cidade.
Quando amanheceu comemos umas frutas e  pedalamos até  Puerto Lopez, uma cidade de tranquila na beira do oceano Pacífico, aqui passamos a noite em um antigo bar em frente ao mar, lugar para pôr a bolsa de dormir, cozinhar e se lavar, ótimo para quem está viajando de bicicleta.
Seguindo o ritmo tranquilo e aproveitando as paisagens a próxima parada foi San Lorenzo. chegamos cedo na cidade, tomamos banho de mar e já ficamos de olho em algum lugar para passar a noite, e mais uma vez o lugar nos proporcionou uma vista incrível do por do sol, isso tudo só gastando em comida, nada em hospedagem.




























Nenhum comentário:

Postar um comentário