segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Diário de viagem 02/07 a 11/07

Diário de viagem 03/07 a 11/07

Meus bons dias em Mocoa acabaram e foi hora de retornar para a estrada, logo nos dois primeiros dias subidas muito duras, isso é a realidade colombiana.
No primeiro dia pedalei 57 km até chegar em uma barreira do exército, como já estava chovendo resolvi parar alguns metros adiante onde se fábrica “panela”, panela é um doce parecido com a nosso melado no Brasil, só que aqui eles deixam ela ficar dura e seus pedaços são cortados e dissolvido em água, daí o nome de Água de panela. Quando parei nesse lugar também tinham seis soldados do exército, enquanto eu estava me secando um deles me ofereceu uma cadeira para sentar e logo começamos a conversar, nisso outro soldado já pediu para dona do lugar me trazer uma água de panela com queijo, ali comi e conversei com eles, e quando falei que iria pedir permissão para acampar debaixo de uma construção usada para fazer a “panela” o soldado já se adiantou e pediu para senhora se eu poderia me instalar ali, permissão concedida fui pra lá e armei a barraca. Depois de tudo organizado sai para tirar uma foto do meu acampamento, nisso vejo um soldado a cerca de uns 15 metros de onde eu estava acampando, fui conversar com ele e ele me disse: Hoy usted tera lá noche mas segura de tu viaje. Isso ele estava se referindo que durante a noite toda alguém estaria ali a poucos metros fazendo guarda.
No dia seguinte pedalei até Pitalito, uma cidade onde já sabia que poderia ficar nos bombeiros da cidade, isso porque o meu amigo Diego já tinha ficado ali três dias antes, chegando na cidade um grande desfile estava acontecendo, muitas pessoas nas ruas, carros enfeitados, pessoas bebendo cerveja e água ardente, assisti um pouco e me fui para os bombeiros, ali tive permissão para passar a noite, usar o banheiro, ducha e cozinha, pessoas muito simpáticas com quem ri muito, me convidaram para jantar com eles enquanto eu contava as minhas histórias da viagem e chamava um dos bombeiros de sogro, isso por que ele se inventou de mostrar as fotos de suas duas filhas, e eram lindas mesmo, a sorte que eram parecidas com a mãe, por que se fosse parecer com o pai elas estavam perdidas.
Chovia muito em Pitalito e eu não queria começar a pedalar na chuva logo cedo, enquanto isso eu estava conversando com o Diego, o argentino que tinha conhecido em Cusco, ele estava a cerca de 20 km em uma cidade chamada San Agustín, e caso se encontrássemos nos viajaria juntos, marcamos de nos encontrar ali nos bombeiros, antes do meio dia ele apareceu e seguimos pedalando.
Nossa próxima parada foi em uma pequena cidade onde tivemos a permissão para acampar em um parque que durante a noite ficava fechado e mais seguro, acampamos em um segundo piso de uma construção, de ali pude ver um belo atardecer sobre as montanhas.
Nosso próximo dia de pedal foi de 90 km até chegar em uma cidade chamada Hobo, ali procuramos os bombeiros, no entanto estava fechado por ser bombeiros voluntários, acabamos na casa ao lado onde nós ofereceram  “ticha” que é uma bebida feita de mandioca cozida e batida no liquidificador com cravo e canela, também nos deram “quesillo” que é goiabada enrolada com queijo, nos deram carne assada com uma massa de milho verde, isso eu não recordo o nome,  também deixaram nos tomar banho, pois  o estávamos imundos  e de  tanto transpirar, isso tudo enquanto eaperavamos os bombeiros aparecer, e quando apareceram não nos deixaram ficar ali, bom pra nós que fomos convidados para passar a noite na casa da família ao lado, mais uma vez nos deram jantar e lugar para pôr os colchonetes.
Na manhã seguinte um café da manhã nos aguardava antes de partir, comemos, tiramos fotos e nos despedimos, um prazer enorme encontrar pessoas de bom coração assim em nossa viagem.
De Hobo seguimos para o deserto de Tatacoa, mais precisamente em Villavieja, outra pequena cidade encantadora, ali um homem ofereceu uma casa para passarmos a noite por apenas 5000 pesos colombianos por pessoa, isso é cerca de 5,10 reais, tivemos um lugar para tomar banho, lavar roupas e um colchão para se deitar, muito válido para os 5 reais pagos. Quando estávamos de saída ganhamos um café, ganhamos por que no dia anterior avisamos a senhora que iríamos passar ali as 7 da manhã e tomar um café, aliás aqui o café é chamado de tinto. Depois desse café pedalamos ao deserto do Tatacoa, ali conhecemos o deserto e seguimos viagem de volta para a cidade onde fomos em direção ao rio Magdalena, esse rio é o maior rio da Colômbia, onde fizemos a travessia de barco. 50 km mais adiante chegamos em Natagaima, outra cidade onde os bombeiros são voluntários e novamente estava fechado a estação, se dirigimos para um bar beber uma cerveja e refrescar o calor que estava fazendo, no entanto quem nos acolheu foi a prefeitura, nos oferecendo um ginásio de esportes para nós instalar, aqui tivemos ducha, banho, colchonetes para passar uma noite tranquila.
Programamos pedalar 65 km mas acabamos pedalando 92 km, isso porque a sorte não nos acompanhou nesse dia, chegamos na cidade de Espinal e os bombeiros não nos receberam, seguimos pedalando até outra cidade e a polícia, igreja, casa de cultura também nos negaram algum lugar para deixar as bolsas de dormir, seguimos pedalando e em um posto de combustível também nos recusaram, até que no próximo posto nos cederam um lugar para dormir, com direito a ducha e banheiro, comemoramos bebendo algumas cervejas.
Advinha qual foi nossa programação para o sábado? Sim, pedalamos também, dessa vez iniciando a subida na tão temida La Linea, isso é a travessia de uma cordilheira colombiana, esse trecho é “temido” entre os ciclistas e aqui nesse trajeto é a parte mais difícil da competição de ciclismo Giro da Colômbia, no sábado pedalamos 75 km e dessa distância foram 52 km de subida, caminho estreito, muitos caminhões, dois acidentes e muitas pessoas gritando: Dá-lhe Nairo, Duro Nairo, se referindo ao ídolo nacional, Nairo Quintana. Nosso dia terminou em uma estação dos bombeiros em Cajamarca, lugar onde uma cicloturista brasileira também já havia passado uma noite, a cicloturista que me refiro é a Ada Cordeiro.
Para terminar a tão famosa subida da La Linea nos faltava 24 km de puta subida, e lá fomos nós, depois de um bom café da manhã com sereais e yogurte começamos a subida, logo muitos caminhões novamente, isso que o bombeiro ti já nos dito que em domingo os caminhões eram proibidos de viajar, mas creio que esse foi o dia que mais caminhões cruzaram por mim, em muitas vezes passavam tão perto que sentia o ar quente saindo do motor e me deixando com medo de me desequilibrar e acabar parando debaixo de algum deles, o caminho íngreme, curvas fechadas e estrada sem acostamento fazia os caminhões passar por muitas vezes a talvez 50 cm de nossas bicicletas.
Chegando nos 2900 metros de altitude o frio e a chuva fizeram parte do caminho, quando chegamos no alto de La Linea chovia forte, ventava muito, estava frio e um nevoeiro denso, impedindo de ver mais uns 8 metros a nossa frente. Depois da dura subida foi hora de baixar, o frio e vento dificultou um pouco mas foram cerca de 40 km sem precisar pedalar, até chegarmos em outra cidade e novamente os bombeiros não puderam nos receber, isso por que a uns 6 meses atrás um casal de cicloturista espanhol e português vieram aqui e  roubaram algumas coisas, com isso todos os outros viajantes “pagando o pato” por ter essas duas imundície.
Acabamos ganhando uma informação importante, de um lugar para acampar em um lugar tranquilo e o melhor de tudo em um caminho muito lindo, estrada de chão e natureza por todos os lados, essa foi a nossa recompensa depois do esforço da subida.































































Um comentário: