terça-feira, 19 de julho de 2016

Ruinas Jesuítas,Paraguai, Argentina e Brasil, Historia e cultura através do cicloturismo 2/3

Liberdade.
 Dia seguinte acordei cedo , as 06:00h já estava tomando meu café da manha a base de risoto, esperei mais uma hora para poder visitar as Ruinas de Trinidad e mais uma vez la estava eu sozinho em meio a um Patrimônio da Humanidade, me espantou a grandiosidade da estrutura formada pelas aldeias em torno da capela principal, chegou ter mais de 6000 pessoas em torno das Missões Jesuítas de Trinidad.
Ruinas de Trinidad

Captolio que foi restaurado


Detalhes da obra

 Visita feita e registrada , novamente é hora de pegar a Ruta 6. Sai de Trinidad as 08:15h no horário local, uma hora a menos que no Brasil. Pela Ruta a historia dos sorrisos e acenos continuou assim me dando cada vez mais animo para pedalar. Por volta das 10:30h parei para comprar sanduíche, alguns kms adiante resolvi parar em algum mercado para reforçar meu cafe´da manha, comprei uma lata de cerveja, biscoitos e iogurte, bebi a cerveja e comi os biscoitos em frente ao mercado mesmo.
 Quando estava quase de saída pensei que seria legal comprar uma bandeira do Paraguai, o pais que me acolhei tao bem. Entrei no mercado e a atendente me mostrou dois modelos, escolhi a menor que tinha, custava 15000 guaranis, na hora de pagar veio a surpresa, a dona do mercado me deu a bandeira de presente para levar uma recordação do seu pais. Na hora fiquei emocionado porem contive as lagrimas, mas na hora que estava só eu e a bicicleta seguindo nosso rumo, não teve como conter as lagrimas, um sentimento bom que se tem quando encontro pessoas assim de coração puro e que mesmo sem elas saber dão o maior incentivo para continuar conhecer lugares, pessoas e historias.
 Passei por Encarnacion tranquilo, apesar de ser uma cidade grande foi fácil sair de lá, a cidade me lembrou Cidad del Leste, porem mais organizada. Antes de chegar na ponte que cruza o rio Parana e liga os países Paraguai e Argentina, tive que dar saída no Paraguai, logo apos a ponte tem a Aduana Argentina, fui bem atendido na hora de fazer a migração no pais, porem na hora de sair pedalando dois fiscais me abordaram, quando perceberam que eu era brasileiro ja ficaram mais amigáveis, acredito que a abordagem tenha sido por eu trazer a bandeira do Paraguai.
Ponte internacional entre Paraguai e Argentina.
 De lá segui pedalando na costaneira de Posadas, rota de 10 km as margens do rio Parana, ja passava das 12:00h e o corpo estava cansado, porem segui pedalando pois o objetivo do dia era chegar em San Ignacio, na Ruta Nacional 12 encontrei o cicloturista  Igor Gravina de SP, http://pedivelabikeclubepp.blogspot.com.br/ saiu de Foz do Iguaçu-BR/Corrientes-AR/ Assuncion-PY/ Foz do iguaçu-BR. Apos um breve bate-papo foi hora de cada um seguir seu rumo , eu para leste e ele para oeste.
Igor Gravina, cicloturista de SP http://pedivelabikeclubepp.blogspot.com.br/

 Fome, vento e subidas me fizeram chegar exausto em San Ignacio, lá encontrei um casal de Argentinos de Córdoba, fomos procurar hostel juntos, porem ficamos em hostel diferentes.
   Como era previsto, choveu a noite toda, isso me fez pensar se iria ou não conhecer as Ruinas de San Ignacio, fui, mas antes tivesse seguido a minha intuição, muitas estruturas metálicas em torno da obra, algo que tirou totalmente a beleza, dei uma olhada rápida, tirei algumas fotos e sai. O ingresso custou 150 pesos Argentinos cerca de 35,00 reais, e também da direito a visitação de mais duas Ruinas que existe na região, as Ruinas de Santa Ana e a outra não me recordo o nome, mas não me senti atraído pela oferta e segui direto sentido a Obera.

Jantar a base de Massa, molho a portuguesa e cerveja.




 Caminho com acostamento e varias subidas, o ritmo era lento comparado aos demais dias, quando percebi que o corpo estava sofrendo pela falta de nutrientes resolvi parar e fazer almoço, pedalei até encontrar um ponto de ônibus, la preparei uma sopa de frango e legumes acompanhado de Atum rico em proteínas, energias repostas, bora pra estrada.


Ponto de onibus, lugar perfeito pra preparar o almoço.
 Obera, logo que cheguei na cidade pedi informação em uma casa agropecuária, prontamente o dono me convidou para entrar e trazer junto comigo a bicicleta, lá pesquisamos rotas para chegar a Alba Posse e inclusive ligou no hostel pedindo o valor da diária, fiquei quase uma hora lá jogando conversa fora, emfim sai em direção ao hostel que estava a menos de 200m da agropecuária.Chegando la fui atendido por uma mulher que me mostrou as acomodações e resolvi ficar, o valor da diária era de 150 pesos Argentinos.
 Tomei banho e sai em busca de comida e de uma bandeira Argentina, parei em algumas lojas e não encontrei a bandeira, até que um homem indicou ir em uma papelaria ali próximo, fui e encontrei, paguei 50 pesos em uma bandeira de 30x40cm, de lá fui ao supermercado, comprei macarrão, molho italiano, sardinha e uma garrafa de vinho.Preparei uma porção generosa de massa, afinal estava sendo o meu almoço as 17:00h , enquanto preparava a refeição compartilhei um legitimo mate Argentino acompanhado de boas historias com a atendente do hostel.
Jantar a base de massa, molho italiano , sardinha e vinho.
Catedral de Obera

 Janta pronta é hora de provar a minha receita, e por incrível que pareça ficou bom ao paladar, porem horrível aos olhos, mas oque importa é o gosto, ainda mais acompanhado de vinho. Ficou tao bom que resolvi voltar ao mercado comprar mais sardinha e molho, aproveitei e comprei alfajors caseiros feitos com maisena e doce de leite, esses comprei para o dia seguinte para ir comendo durante a pedalada .Antes de dormir preparei mais uma porção de massa com sardinha, energia que o corpo iria armazenar para o dia seguinte.
 7º dia, acordei cedo e fiz meu café da manha mais uma vez a base de macarrão e sardinha, comi, lavei a panela e os talheres e segui viajem , seriam 120 km até Horizontina/RS. Trajeto com muitas subidas, tanto nos 60 km argentinos, como nos 60 km brasileiros, caminho difícil porem lindo, passei por alguns mirantes com uma vista linda que fizeram valer a pena o sacrifício do caminho, em especial os mirantes na beira do Rio Uruguai.
 Antes de chegar na Beira do Rio Uruguai, duas coisas me emocionaram, a primeira foi quando vi duas crianças entre 10 e 12 anos brincando a margem da rodovia, levando um pequeno barco de madeira até um 'pegador de agua' o interessante é que o barco tinha uma carretinha para leva-lo igual os barcos levados por carros. Cumprimentei os meninos e segui pedalando na dura subida, então avistei um helicóptero construído de madeira, parei e pedi permissão para tirar uma foto , logo os dois meninos vieram correndo para conversar comigo, na verdade não lembro como apareceram em minha frente tao rápido, no tempo que peguei o celular e tirei uma foto, já estavam em minha frente, dai em diante foi uma chuva de de perguntas e admiração a cada descoberta.
helicóptero feito de madeira
Crianças e sua curiosidade
 Alguns quilometros  adiante em outra subida uma camioneta passou por mim e buzinou, como sempre faço levantei a mão e acenei em forma de agradecimento, a camioneta e eu seguimos subida a cima, no final da subida vi a camioneta parada ao lado da pista e o motorista do lado de fora do carro. um senhor com mais de 65 anos andando ao redor da camioneta e com os olhos aflitos a minha espera, quando eu estava chegando perto o senhor me disse bom dia, então parei pois percebi que estava curioso pra saber a historia do viajante solitário. Conversamos durante uns 20 minutos e era hora de seguir adiante, mas não antes do senhor me desejar sorte e uma boa viajem.



Almoço na beira do rio Uruguai
 Apos os mirantes a beira do rio Uruguai não demorou muito e cheguei a cidade de Alba Posse , cidade pequena onde o principal atrativo é a balsa que da acesso ao Brasil. Logo que cheguei parei para comprar uma água para beber e cozinhar. Na beira do Rio Uruguai vi dois homens bebendo uma cerveja e pensei que seria legal conversar com eles , e foi isso que fiz, eram brasileiros de Santa Rosa-RS, pessoas do interior que ficaram surpreendidos com o meu feito, uma reação que já era de se esperar. Logo que comecei a tirar meus utensílios para o preparo do almoço, eles começaram a fotografar os meus modos de preparo, nao demorou e me ofereceram um copo de cerveja e é claro que aceitei, comida pronta é hora de almoçar, prato do dia a famosa Massa ao molho italiano acompanhado de sardinha, a legitima gororoba.
 Almocei e fui para a fila da Aduana e para comprar a passagem da balsa, na fila todos olhavam a minha bicicleta e algumas pessoas me faziam perguntas e os demais prestavam atenção nas respostas atentamente. A passagem custou 40 pesos argentinos, algo em torno de 10,00 reais, embarcados lá fomos atravessar o rio para chegar no Brasil.
Cruzando o Rio Uruguai entre Alba Posse e Porto Mauá. 


... continuaçao









3 comentários:

  1. Olá Fabiano, quero parabenizar-lhe pelo relato pormenorizado e vibrante de sua pedalada. As fotos são maravilhosas e, dentre elas, uma de meu filho que como você, busca na aventura, o lazer, o conhecimento e, sobretudo, a paz que a natureza nos proporciona ao desvendar de sua beleza é harmonia. Sucessos e ótimas futuras pedaladas.

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  2. Olá Fabiano, quero parabenizar-lhe pelo relato pormenorizado e vibrante de sua pedalada. As fotos são maravilhosas e, dentre elas, uma de meu filho que como você, busca na aventura, o lazer, o conhecimento e, sobretudo, a paz que a natureza nos proporciona ao desvendar de sua beleza é harmonia. Sucessos e ótimas futuras pedaladas.

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    1. Obrigado Dirceu Gravina, são atitudes como a do senhor que nos dá força para seguirmos pedalando atrás de nossos sonhos, atitudes assim que fortificam não apenas eu ou o Igor, mas todas as pessoas que seguem seus sonhos com suas bicicletas e seus alforges. Tenha certeza que com o seu depoimento o senhor conseguiu deixar um cicloturista emocionado. Parabéns pelo filho que o senhor tem e certamente irá seguir lhe dando muito orgulho. Abraço

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