sexta-feira, 22 de julho de 2016

Ruinas Jesuítas,Paraguai, Argentina e Brasil, Historia e cultura através do cicloturismo 3/3



 Em terras Tupiniquins o fiscal da Aduana fez sinal para encostar a bicicleta, acredito por ele ter visto que trazia as bandeiras do Paraguai e Argentina, porem logo falei que era brasileiro e ele sorriu e mandou eu seguir.
 Passei pela cidade e segui rumo a Horizontina, já passava da 14:30h e já estava novamente com fome, eis que surge as maravilhas do Rio Grande de Sul, as frutas cítricas bergamotas e laranjas, não resisti e roubei algumas para a viajem, estavam uma delicia, bem maduras e doces.

 Na rodovia Brasileira percebi a diferença entre a cultura do povo, a hospitalidade e respeito recebidos no Paraguai e Argentina aqui no Brasil foi por água abaixo, pessoas olhando mas não respondendo o aceno e não respondendo o boa tarde, e o pior de tudo, não deixando uma distancia segura ao ultrapassar.
 Foi em estradas gauchas que aconteceu o primeiro risco de acidente da viajem, eu estava pedalando em uma subida e de encontro vinha um trator e logo atras um caminhão, e justo na hora que eu estava do lado do trator o caminhão ultrapassou o trator, deixando assim minha vida vulnerável a um erro daquele motorista.
 Na região a paisagem mudou completamento, a agricultura é a atividade predominante,onde antes era a Erva-Mate e o Pinus.
Plantação de Canola
 Restava mais 25 km até Horizontina o corpo estava cansado, parei e descansei 2 vezes. Quando cheguei em Horizontina parei em um posto de combustível para por credito no celular, porem o frentista me indicou ir a um restaurante ao lado do posto, lá sim conseguiria a recarga do celular. Precisava de internet para me comunicar com a minha prima Cleusa, pois só tinha avisado ela que chegaria na cidade e ficaria na casa de algum parente. Comecei a conversar com o SR. Otavio dono do restaurante e comentei onde eu passaria a noite, logo me falou que conhecia todos os meus parentes na cidade, ai em diante ja fui convidado a sentar e tomar chimarrão e comer bolo, aquilo foi musica para os meus ouvidos, afinal estava morrendo de fome.Barriga cheia, corpo quente foi hora de partir, pedi ao Sr. Otavio o endereço do Edifício Sartor, aonde as minhas tias moravam e onde eu ia passar a noite.

 Quando cheguei lá a tia Sueli estava em frente ao predio me aguardando com uma cara de alegria e surpresa em receber um viajante que apareceu sem avisar. Bicicleta guardada na garagem e alforges no apartamento, subi e tomei um banho e jantamos e claro acompanhado de muita conversa sobre a viajem.
 No dia seguinte ja fui promovido a motorista particular, fomos na loja de roupas que as tia Silda e Suli tem no cento da cidade. Almoçamos junto do grupo de idosos que elas participam, lá provei um sentimento até então desconhecido, sentimento de reconhecimento por uma aventura linda, cheia de historias e cultura. Antes de ser servido o almoço o Sr.Valdir Presidente da associação de idosos anunciou no microfone que eu tinha vindo de bicicleta do Parana até lá, logo começou os elogios, senhoras e senhores saiam de suas mesas e vinham em minha direção para me parabenizar e falar palavras de incentivo e apoio, detalhes que me faz sentir bem e que me dão animo para seguir fazendo oque eu tanto gosto.
Adicionar legenda





 Na sexta a noite fomos até Cascata, distrito do município de Horizontina, lá as tias Silda e Sueli tem uma casa de final de semana. Logo quando chegamos o barulho da água do rio me chamou a atenção, e foi com esse som que dormi duas noites, ao sol da queda d'água na cascata. Passamos o final de semana lá reunidos com a família, todos curiosos para ouvir as minhas historias.
 Durante a semana as previsões do tempo não eram favoráveis, pois prometia fortes chuvas acompanhado de temporais em toda região sul e por medida de segurança optei em não ir pedalando até as ruínas, já que tem uma distancia relativamente longa entre as cidades e um temporal no meio do caminho não seria nada bom, ainda mais se acompanhado de granizo , ja que nos dias anteriores o granizo já tinha feito vários estragos em todo Rio Grande do Sul e certamente eu não pretendia ser uma dessas vitimas.
 Na terça embarquei no ônibus em Horizontina e percorri 160 km até chegar em Sao Miguel das Missões, lá uma cidade pequena que mantem as tradições gauchas, é possível ver nas ruas homens vestindo seu traje tipico, bombacha, bota lenço no pescoço e em dias de frio o famoso opala , isso tudo montado em belos cavalos bem cuidados.
 Almocei em um restaurante próximo as ruínas, o numero de pessoas me chamou atenção, pois era perceptível que eram turistas assim como eu. Cheguei antes de abrir a bilheteria das ruínas, enquanto isso fiquei conversando com um dos seguranças patrimoniais e com um casal de turistas do Rio de Janeiro .Aos poucos começou chegar os carros no estacionamento, carros com famílias inteiras, desde crianças até idosos.
 Como sou estudante o meu ingresso custou apenas 2,50 reais, ingresso que da direito a visitação diurna.Logo nos primeiros metros dentro da áreas das ruínas o tamanho da obra impressiona, estrutura bem conservada apesar de estar expostas as intempéries climáticas, obra rica em detalhes, todos esses esculpidos em pedra, o mesmo matérias que é feito toda obra. Uma das coisas que mais chama a atenção é a torre imponente que foi erguida ao lado da catedral principal.Ali também se encontra o antigo cemitério indígena , o pomar que foi revitalizado e hoje tem arvores frutíferas, muitos mudas de frutas cítricas entre outras especies e também vemos restos das antigas moradias dos índios guaranis, tudo em uma área bem protegida por seguranças patrimoniais que assim que alguém vá em algum local que não seja permitido soam o apito em sinal de advertência.









 Um desses seguranças me falou que em época de ferias escolares chega a ter 30 ônibus com crianças ali pra conhecer as Ruinas, como ele mesmo disse é apito pra todo lado e olhos bem atentos para evitar acidentes ou degradação das ruínas.
 Passei a tarde toda contemplando aquela beleza, em algumas vezes servi de fotografo para os visitantes e em outras oportunidades pude dar uma explicação de onde se encontrava o cemitério, as antigas casas o pomar e outras coisas que tinha aprendido nas visitações as outras ruínas. Oque deixa a desejar nas Ruinas de Sao Miguel das Missões é a falta de um guia Turístico para acompanhar os visitantes, alem disso esta tudo perfeito.No mesmo momento em que contemplava a beleza das ruínas pude por meus pensamentos em ordem, sozinho perdido nos pensamentos e lembranças.
 Final da tarde me hospedei na Pousada das Missões, pousada que fica encostado da area das Ruinas. Com o anoitecer a temperatura despencou, tomei um bom banho quente e fiquei no quarto até a hora do show de Som e Luz que começaria as 20:00h.
 O ingresso custou 7,00 reais e as 20:00 começou o espetáculo, acredito que deveria ter mais de 120 pessoas lá assistindo. Certamente um espetáculo que valeu a pena ter enfrentado o frio,sons nítidos e bem distribuídos pelas varias caixas de som no ambiente e combinado com as luzes sincronizadas.
Show Som e Luz

Show Som e Luz

Show Som e Luz
 No dia seguinte com uma temperatura de 6º  fui até Santo Ângelo conhecer a Catedral que leva o mesmo nome da sua cidade, uma obra grandiosa e linda, vale a pena a visita.De lá segui para cidade de Horizontina onde passei mais dois dias conhecendo a cidade e só então voltei para o Oeste do Parana. Assim se encerrando mais uma cicloviajem, dessa vez com um gostinho especial, em ter provado a hospitalidade de pessoas que até então eram totalmente desconhecidos,seguir dicas de lugaras que deveria visitar, comecei meu curso de gastronomia internacional com as minhas super receitas a base de massas e sardinha, e o principal de tudo, sempre conhecendo muitas pessoas pelo caminho e sempre levando historias e deixando um pouco da minha historia.
Catedral de Santo Ângelo

Catedral de Santo Ângelo





Nenhum comentário:

Postar um comentário