quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Diário de viagem 11/01-17/01

Diário de viagem dia 11-01/17-01
Uruguai, o país vizinho que eu tanto queria conhecer, a exatamente a um ano atrás pretendia estar pedalando por essas estradas. No entanto dia 11/01 cruzei a fronteira pedalando, fiz os trâmites de imigração com um funcionário muito educado, pedi algumas informações e segui para a cidade de Bella Union, a primeira depois da fronteira.
Em Bella Union sabia que o rio Uruguai passava ao lado da cidade, então resolvi procurar um equipamento de pesca para me divertir e tentar pegar uma refeição, paro em um Duty free shopping e procuro mas não encontrei os equipamentos, me informei com um senhor e me disse que na banca em frente poderia encontrar algo, pra lá fui eu, comprei alguns anzóis e uma linha, e acabei conhecendo um comprador de Cidade del Leste que por muitos vezes passou pela região e ficando hospedado em Medianeira, muita conversa e no final al ganhei um cordão e uma bandeira do Uruguai. De lá vou para a beira do rio, onde tem uma costaneira na beira do rio, muitas pessoas estavam lá, ali tem área de camping com churrasqueira, água, luz, energia elétrica. Fiquei nesse camping, mas a bicicleta deixei em uma base da Marinha uruguaia, melhor garantir a integridade dela.
Primeira noite que como sozinho nessa viagem, vou a uma pizzaria, escolho uma pizza e um vinho, a pizza foi minha janta e café da manhã do dia seguinte.
Amanheceu e parti, segui pela Ruta 3 sentido Sul, paisagens planas e com muita plantação de cana de açúcar, diz que aqui é a capital da cana de açúcar.
Depois de pedalar uns 50 km cheguei a cidade de Colônia Palma, parei em um posto policial para pedir informações, e já me convidaram para almoçar com eles, aceitei e por lá fiquei. Conversando com um dos policiais disse que queria pescar, então ele ligou para o dono de uma fazenda por onde eu passaria e pediu permissão para que eu acampasse e pescasse na sua propriedade, lá fui eu, encontrei o lugar, uma ponte abandonada onde a poucas horas saíram os outros que estavam acampados, peguei um lambari e fiz de isca para tentar pegar um peixe maior, e consegui, peguei um Piau de cerca de um kg, logo foi pro fogo, fiz ele assado, a janta estava garantida.
Acordo as 4:30, arrumo as coisas e as 5:30 já estou na rodovia seguindo viagem, dessa vez o destino é as Thermas de Arapey, estrada nao tão boa assim, mas sigo pedalando e logo os primeiros raios de sol iluminam o horizonte, de um lado o sol aparecendo do outro a lua se pondo.
 Sai da Ruta 3 por 20 km até chegar nas Thermas Arapey, 150 pesos uruguaios custou a entrada com direito a camping, piscinas quentes, banheiros bons, churrasqueira e rio para pescar, logo que cheguei fui tomar banho, lavar minhas roupas e depois entrei na piscina, são quatro piscinas a disposição, com temperaturas diferentes da água, todas bem limpas e cuidadas.
Primeira noite vou pescar e pego piranhas, aproveito elas para fazer um caldo de piranha, ficou bom.
A noite os relâmpagos anunciavam chuvas, amanheceu o dia com muitas descargas elétricas, raios e trovões que não tinha presenciado no Brasil, mas aqui deve ser normal, ninguém apresentou algum sinal de preocupação. A chuva para e saio fazer meu café da manhã, depois piscina.
A noite é agita nas Thermas, um festival de folclore movimenta a praça, entre várias apresentações uma delas chama minha atenção, uma dança árabe, a dançarina de pele clara, cabelos encaracolados, fiquei observando o movimento do seu corpo, eu e todos ali que assistiam a apresentação. Aínda não consigo entender como ela conseguia fazer aqueles movimentos. Terceiro dia nas Thermas de Arapey o dia ficou com cara de chuva a maioria do tempo.
Sempre que vou as piscinas deixo a bicicleta em algum lugar onde eu consigo ver ela, mas geralmente deixo a poucos metros da piscina, muitas pessoas olham, tiram fotos, falam que sou do Brasil, e entre tantas reações uma me fez rir, um senhor vira o pescoço para poder ler o que está escrito no quadro da bicicleta, ouso ele falando, Cicloturismo Espírito livre, aí falei que eu era o ciclista, logo me parabenizou, então sua esposa também se aproximou e começaram a me contar que seu filho logo ira partir para uma viagem de bicicleta também, assim como eu, ele não sabe ao certo a data de volta, no dia que eu saí de viagem ele pediu demissão do trabalho para realizar esse sonho. Pude viver o lado oposto da história, eu que causei preocupação, nesse momento estou tentando acalmar uma mãe que terá um filho viajante.
Acordei às 3:30 no dia seguinte, já tinha deixado as coisas arrumadas nos alforges, então foi só tomar café e desmontar a barraca e partir.
 A lua iluminou a estrada, nem um carro essa hora na rodovia, em 35 km apenas 4 carros passaram por mim. Aproveito a noite e o silêncio para ouvir os animais que fazem alguns sons, rãs, vacas, ovelhas e com o clarear do dia os pássaros começam a sassaricar nas vegetações rasteiras e pequenos arbustos na margem da estrada. Pedalei 90 km até chegar em outras Thermas, lá me informaram que o valor do camping é 200 pesos uruguaios, algo em torno de 19 reais, achei muito caro. Me informei sobre uma outra Thermas que teria mais a frente, no município de Guaviyu, o centro de informação ao turista ligou lá e pediu o valor da entrada, 100 pesos uruguaios, 9 reais, e pedalei até lá. 137 km pedalados e bem aproveitados nas águas quentes. Camping bem organizado, várias piscinas, mercado, restaurante, bares.
Dia seguinte fui sentido a fronteira com a Argentina, seria 70 km até a cidade de Colón na província de Entre Rios. Acordei às 5 h da manhã, olho para cima vejo o céu estrelado, começo a preparar meu café e em questão de 5 minutos tudo muda, as estrelas são encobertas pelas nuvens e um vendo sentido Sul/norte começa a soprar.
A paisagem vai mudando aos poucos, as grandes criações de gado de corte vão dando espaço a outras culturas, como soja e milho.
 Pedalar no Uruguai sem ter vento contra não seria pedalar por lá, assim foi minha saída do país, 60 km pedalados com muito vento contra, ainda bem que seriam só 70 km no dia, se não eu estava ferrado.
Cheguei na aduana Uruguaia, faço a saída no país e dou a entrada na Argentina, um dos funcionários que está dentro da sala me vê e vem conversar comigo, ficamos ali mais de meia hora de bate papo.
Pude perceber que os Uruguaios são mais reservados que os argentinos, em muitas ocasiões quando eu estava conversando com alguém, sempre aparecia dois ou três por perto para ouvir minha história, mas ficavam parados como que se não quisesse nada, me deixando sem saber se queriam apenas ouvir ou se teriam alguma reação contra mim, ouviam e repassavam as informações a outras pessoas, algo bizarro. Outra observação é que o mate uruguaio não é compartilhado, cada um tem sua térmica e cuia, diferente de nos brasileiros e os argentinos.
Hora de atravessar a ponte entre os dois países. Novamente estou na minha tão queria Argentina. Mas isso eu vou contar depois, por que vai render belas histórias novamente.










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