quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Diário de viagem 30/01-06/02

Diário de viagem dia 30/01 a 06/02

Depois dos três dias de descanso na casa do Fabian em Punta Alta, descanso e recarregando as energias, pois todo dia era muita comilança acompanhado de um bom vinho ou cerveja na madrugada do dia 30 Fabian me leva a uns 40 km de sua casa e me deixa em um posto de combustível para eu pegar uma carrona para sair de um trecho da rodovia que é muito perigoso.
Já no lugar onde tentaria a carona encontrei um pepelao onde fiz um desenho com o número 22, que era a rodovia onde eu pretendia ir. Cerca de meia hora já consegui a carrona.
 Fico na cidade de Médanos, enquanto monto a Bicicleta aproveito para comer alguns biscoitos e frutas, até que de repente para um caminhão, o motorista Hector Fabian é um vendedor de pneus que não está afim de percorrer 500 km sozinho no caminhão e pede se eu quero uma carrona, foi em um instante a bicicleta ja estava no baú do caminhão. Percorrendo os 540 km entre Médanos e Neuquen contamos muitas histórias, muitas risadas, também me disse que pretende visitar o Brasil no próximo ano.
Chego na cidade de Neuquen, uma cidade grande e movimentada, me informo sobre qual Ruta devo seguir para ir a Bariloche, todos me dizem ser rutas bem movimentadas e um pouco perigosa, mas tenho que pedalar. Bicicleta na Ruta 22 pedalei 45 km até chegar na entrada de alguma cidade que não recordo o nome, parei comprei algumas laranjas peguei água e segui pedal, uns 5 km adiante parei comprar pêssegos, escolhi, peguei e já comecei a comer ali mesmo na beira da rodovia, eis que um homem para para comprar pêssegos também e olha pra mim é diz: Você não quer ir pra Bariloche?  Digo a ele que estou indo pedalando e ele diz que se eu quiser posso por a bicicleta no carro dele e ir de carrona, já que ele não gosta de viajar sozinho. Então fiz 950 km em um dia, passando pela chata e monótona Lá Pampa Argentina.
 Chegamos em Bariloche as 23h, a temperatura por volta dos 10°c me fez usar roupas mais quentes, como era muito tarde para procurar camping na cidade, resolvi passar mais uma noite em um posto de combustivel, dormi sentado na poltrona. Amanheceu o dia tomei café e segui rumo a El Bolson, no caminho encontrei um francês  Aël que já havia feito a carreteira austral e estava voltando do extremo sul Ushuaia, conversamos um pouco e resolvi voltar com ele para Bariloche, lá fizemos compras e acampamos no lago em frente a cidade, literalmente de frente para Bariloche, acredito que poucas pessoas fazem isso, pelo menos nessa noite fomos os únicos com esse privilégio de ver o pôr do sol entre as montanhas e logo depois o céu estrelado contrastando com as luzes da cidade. No dia seguinte pedalamos até Villa Angostura, onde fizemos compras para acampar no belo Lago Espejo, muitas pessoas no lugar, entre elas um casal de mochileiros me chamou a atenção, ela fazendo artesanato e ele malabarismo, ela lendo um livro e ele malabarismo, um casal completamente diferente, pois ali estava a definição de que um completava o outro. Dia seguinte pedalamos 120 km até San Martin de los Andes, no caminho paramos para tirar umas fotos, nisso veio um cicloturista da Bélgica no caminho contrário ao nosso, tirei uma foto dele chegando, começamos a conversar e me apresentei, falei que era Fabiano Bulow, logo ele me deu uma olhada e disse: Você que é o Fabiano Bulow??  Respondi que sim, e por que a pergunta, ele respondeu que já tinha lido muitas coisas sobre mim e que eu escrevia, o cara chegou até dizer que eu era famoso hahah as palavras ditas por um Ciclista da Bélgica até que te dão um ânimo a mais, desculpe não lembrar seu nome, quem sabe você até vai estar lendo isso agora, abraço e boas pedaladas. Tirando isso o dia foi de pedaladas difíceis, muita elevação, vento contra e trânsito intenso de carros, nessa noite acampamos no aeroporto, claro que era proibido acampar lá. Dia 03/02 chegamos a cidade de Junin de los Andes, fizemos nosso café da manhã em uma rua pouco movimentada, após fomos ao mercado garantir o almoço, janta e café da manhã, o plano era pedalar 50 km até encontrar um lugar para acampar, mas pedalamos 85 km até chegar no Parque Nacional Lanin, onde tem um vulcão do mesmo nome, um lugar espetacular, acampamento na beira do rio de águas com tom de azul e verde esmeralda, simplesmente fantástico. Chegamos aqui com uma fina chuva caindo, e a temperatura também, logo que chegamos já tratei de ir fazendo nossa janta, batatas cozidas com molho de tomate e cebola e meu companheiro de viagem Aël bom acho que é esse seu nome, fez a salada, tomates, pepino, repolho.
Quando amanheceu o dia saio da barraca e vejo o vulcão imponente ao nosso lado esquerdo, com seu pico nevado ele se apresentava majestoso,  cerca de meia hora depois ele ficou encoberto por nuvens, algo magico, como se ele estivesse aparecido simplesmente para nos dar bom dia e mostrar que acampamos no lugar certo.
Nos últimos dias eu e Aël fizemos a Ruta dos Siete Lagos, onde a dois anos atrás em uma viagem de carro aqui no mesmo lugar vi um cicloturista pedalando, lembro com exatidão dos detalhes, bicicleta azul, alforges amarelos, camisa também azul, esse cara me fez pensar o porquê eu não era capaz de realizar o meu sonho, não queria passar minha vida olhando as outras pessoas realizar um sonho meu. E a dois anos atrás eu fotografava cicloturista e agora eu sou fotografado, muitas pessoas passam em seus carros com as câmeras voltadas a mim e sempre que posso dou um sorriso é um aceno, claro que estou longe de ser o único cicloturista aqui, aliás tem muitos cicloturistas aqui na Ruta dos Siete Lagos, creio que em um dia cruzamos com mais de 20 pessoas com suas bicicletas carregadas de equipamentos, viajantes solos, em casal e em grupo.
Dia 04/02 foi o dia de mais uma realização de um sonho, atravessar a Cordilheira dos Andes com a força de minhas pernas e com a minha força de vontade, só eu sei de tantas coisas que abri mão para estar aqui, e agora estou do outro lado da "Espinha dorsal do planeta". Logo após a fronteira eu e Aël paramos em um lugar onde estava acontecendo um campeonato de skate, advinha quem foi a atração da festa, fomos fotografados muitas vezes. Seguimos viagem até a próxima cidade de nome Caruaehe ou algo assim, tenho dificuldade com nomes de cidades, mas enfim, acampamos na beira de um rio que margeia a cidade, até que de repente no meio da noite ouso conversas e luzes, logo fico em estado de alerta e já com o facão na mão, sim todos os acampamentos o facão fica ao meu lado a noite toda, mas voltando a história, eram cerca de 7 pessoas que chegaram no local e nos viram, saíram e foram a poucos metros, ligaram um som alto, beberam cerveja e fumaram muita maconha, de onde eu estava deitado sentia o cheiro, mas não fizeram nada contra nós.
Dia 05/02 eu e Aël pedalamos até Pucon, uma cidade muito turística, aqui fomos ao supermercado e almocamos em um gramado, até que o segurança veio e nos tocou dali. Pedalamos sempre com um vulcão em nosso horizonte, o vulcão Villarrica, logo que chegamos na cidade fomos na praia que tem no lago, ali vi um motociclista que estava viajando também, começo conversar com ele, é um espanhol que veio ao Chile, comprou uma moto e literalmente é um nômade, não tem dia nem planos de voltar para casa, mais um cara fantástico. Eu Aël e Albert jantamos e acampamos com um visual fantástico, com o Villarrica como plano de fundo. Aliás jamais imaginei fotografar um vulcão com o cume em chamas, pois é aqui eu fiz isso, tenho fotos com o vulcão Villarrica assim.
Quem me conhece deve estar pensando: Ué o Fabiano não é o cara que só viaja sozinho?? Pois é, Aël é meu primeiro companheiro de viagem, e já me fez mudar de ideia sobre companhia, cara super gente boa, com quem estou compartilhando café da manhã, almoço, janta, compras no mercado e tudo que a estrada tem a oferecer, subidas onde as pernas parecem que irão pegar fogo, descidas a 65km/h, vento contra e alguns vinhos baratos, digo baratos por que compramos aqueles em super promoção. Não sei até quando vamos compartilhar a estrada, mas certeza que será lembrado como o francês mais louco que já conheci, e por falar em loucura ele vai fazer um mochilao no sul do Brasil, quem quiser ajudar hospedando ele por uma noite pode ter certeza que vai rir muito das histórias dele.













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